Bancos atendem a uma das reivindicações dos bancários por mais segurança, mas ainda precisam tomar outras iniciativas.
A pressão dos bancários para combater o crime da “saidinha de banco” começa a surtir efeito sobre os bancos. Na terceira rodada da Mesa Temática de Segurança Bancária em 2011 com a Contraf-CUT, federações e sindicatos, ocorrida dia 2 de junho em São Paulo, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) anunciou a ampliação das câmeras de vídeo para reforçar o monitoramento das agências.
Segundo Ademir Wiederkehr, secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, “a medida atende uma das reivindicações dos bancários, porém outras iniciativas são necessárias para impedir a visualização dos saques por olheiros e evitar que clientes continuem sendo vítimas”. A Fenaban disse que as demais demandas dos bancários ainda não são consensuais entre os bancos e permanecem em estudo.
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Propostas dos bancários
“Defendemos a instalação de biombos ou tapumes entre a fila de espera e a bateria de caixas, bem como de divisórias entre os caixas, inclusive os eletrônicos, visando impedir o acesso visual e garantir o sigilo e a privacidade das operações”, frisou o diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Daniel Reis. Os bancários também reiteraram a importância da colocação de portas giratórias antes do autoatendimento, com armários para guardar objetos e volumes.
A proposta de isenção das tarifas de transferência de recursos (DOC, TED, ordens de pagamento, etc), como forma de desestimular os saques que muitos clientes efetuam para não pagarem tarifas, foi reforçada pelos bancários, a fim de reduzir a circulação de dinheiro na praça e evitar que clientes sejam alvos de assaltantes.
“Propomos aos bancos para que não esperem chegar ao consenso, mas já implantem as medidas defendidas pelos bancários, pois o número de mortes e ocorrências é assustador”, frisou Ademir.
15 mortes em assaltos envolvendo bancos em 2011
Segundo levantamento da Contraf-CUT, com base em notícias da imprensa, houve 15 mortes em assaltos envolvendo bancos nos primeiros cinco meses de 2011, uma média de três por mês, dos quais 7 são casos de “saidinha de banco”.
Leonardo Fonseca, diretor do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e da Fetraf-MG, alertou para a responsabilidade dos bancos e lembrou que “a última vítima foi um policial militar, morto na terça-feira, dia 31 de maio, na capital mineira”.
Operação Saque Seguro
O presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, e a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, que coordenam a mesa de negociações do Comando Nacional com os bancos, participaram da reunião e criticaram duramente a parceria entre a Febraban e a Polícia Militar de São Paulo.
“A ronda de policiais dentro das agências e nos estacionamentos é uma medida inaceitável, pois não são áreas de segurança pública e isso contraria a lei federal nº 7.102/83, que prevê segurança privada nos estabelecimentos bancários”, disse Carlos Cordeiro.
“Os bancos podem pagar pela própria segurança. Quando retiram efetivos das ruas para cuidar das agências, eles acabam prejudicando os cidadãos que tanto precisam de segurança”, apontou Juvandia.
A Fenaban disse que aderiu à Operação Saque Seguro, dizendo que se trata de um projeto da PM para enfrentar a “saidinha de banco”, através de visitas de policiais aos bancos e distribuição de folders aos clientes.
A Contraf-CUT e o Sindicato informaram que enviaram na terça-feira, dia 31 de maio, uma carta à Polícia Federal, solicitando um posicionamento sobre a legalidade dessa operação, uma vez que está transferindo parte da segurança das instituições financeiras para a segurança pública.
Proibir uso do celular não resolve
Os bancos também anunciaram a decisão de proibir o uso do celular nas agências, através da afixação de cartazes e orientações aos clientes. Os bancários frisaram que essa iniciativa não integra a pauta de reivindicações da categoria e que não resolve.
“Essa medida não impede a visualização dos saques por olheiros e agride o direito do cidadão de utilizar o seu celular, que hoje virou um bem essencial para a vida das pessoas”, alertou o diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e da Fetrafi-RS, Lúcio Paz.
Além disso, a fiscalização é impraticável. “Zelar pela segurança não é atribuição dos bancários, mas sim dos vigilantes que, no entanto, não podem descuidar de suas tarefas cotidianas sob pena de fragilizarem a segurança de bancários e clientes”, observou.
Para o representante da Federação na mesa temática, Pedro Batista, o encontro do último dia 02 foi produtivo. “Foi a reunião mais positiva que já fizemos sobre segurança. Esperamos que haja outra reunião em breve”, declarou Pedro. Para o dirigente, o único senão foi a postura reticente da Fenaban quanto a algumas questões. “A Contraf insistiu no corte do contato visual entre os clientes, com o uso dos biombos, mas isso não é ponto pacífico para os banqueiros”, relata. E, quanto às câmeras, apesar da ampliação do uso, o dirigente ressalta que esta medida ainda não atinge todas as unidades. “É inadmissível que haja alguma agência sem monitoramento. Nas últimas ocorrências de assalto no estado do Rio de Janeiro, o ponto em comum era a ausência de câmeras”, lembra Pedro.
Acesso às estatísticas semestrais da Febraban
Em resposta à reivindicação dos bancários de acesso às estatísticas semestrais de assaltos, consumados ou não, conforme prevê a convenção coletiva, a Fenaban propôs abrir os números até o final dos meses de janeiro e julho, a partir de 2012.
Quanto ao primeiro semestre deste ano, por se tratar da primeira vez, ficou definido que o levantamento nacional dos bancos será apresentado para as entidades sindicais no próximo mês de agosto.
Os bancários reivindicaram também o acesso ao número dos casos de arrombamento, que atualmente é o principal ataque feito contra os bancos, sobretudo com uso de explosivos. A Fenaban, porém, não aceitou.
Solicitação de nova rodada
Ao final, as entidades sindicais reivindicaram o agendamento de uma nova reunião da Mesa Temática de Segurança Bancária, para o início de julho.
“Queremos realizar mais uma rodada antes das negociações da campanha nacional deste ano, a fim de discutir também propostas para melhorar a assistência às vítimas de assaltos e sequestros e as medidas indenizatórias e preventivas, a exemplo do ano passado, buscando novos avanços para inclusão na convenção coletiva e trazer mais segurança e proteção à vida das pessoas”, justificou Ademir.
A Fenaban ficou de responder à solicitação em até 10 dias.
Fonte: Contraf/CUT, com Feeb RJ/ES