Após a pressão dos trabalhadores, o banco apresentou a planilha de custos do plano de saúde, que em março foi reajustado em até 24,61% sem aviso aos bancários.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), federações e sindicatos realizaram nesta quarta-feira, 27, nova negociação com o Itaú Unibanco, em São Paulo. A rodada ocorreu após a forte mobilização dos bancários, que promoveram na terça-feira, 19 de abril, Dia Nacional de Luta contra as demissões e o desrespeito frente ao aumento unilateral do convênio médico.
Após a pressão dos trabalhadores, o banco apresentou a planilha de custos do plano de saúde. De acordo com os dados, o plano de saúde atende hoje 199.460 vidas (de funcionários na ativa e dependentes legais), distribuídas da seguinte forma: Fundação Saúde Itaú – 126.832; Central Nacional Unimed – 47.068; Caberj – 17.651; e Unibanco Saúde – 7.909.
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Pela apresentação, o custeio do plano tem se dado numa proporção aproximada de 70% por parte do banco e 30% por parte dos funcionários. Os custos com internação têm se mostrado o item que mais contribui na sinistralidade do Plano de Saúde, totalizando 54%.
“Estas informações foram cobradas pelo movimento sindical e são fundamentais para que possamos avaliar o reajuste efetuado unilateralmente pelo Itaú nos valores pagos no plano de saúde pelos funcionários”, destaca Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e funcionário do Itaú Unibanco.
“No entanto, em nossa avaliação, estas informações ainda são insuficientes. Faltou, por exemplo, a apresentação do balanço do Plano de Saúde, através do qual poderemos fazer uma análise completa sobre os reajustes praticados pelo banco”, acrescenta o dirigente sindical.
O Itaú Unibanco reajustou em até 24,61% os valores pagos pelos bancários no plano de saúde em março deste ano. O aumento foi realizado sem negociação ou aviso prévio aos trabalhadores. O acordo coletivo que regra o plano de saúde não foi renovado ainda, sendo necessário esclarecer as questões relativas ao reajuste aplicado pelo banco primeiramente.
Demissões
Os bancários também cobraram o banco sobre as demissões que vêm ocorrendo em todo o país. O banco apresentou um quadro no qual estão sendo feitas mais contratações do que demissões.
No entanto, a realidade vivida pelos funcionários é bem diferente. As agências, de forma geral, estão com falta de pessoal. Na área operacional a situação é caótica, a ponto dos gerentes operacionais terem que cotidianamente trabalhar no caixa.
“Mesmo que não esteja havendo eliminação de postos de trabalho, a rotatividade tem sido enorme e gerado muita insegurança entre os funcionários. Declarações de um certo diretor do banco inclusive aterrorizaram os bancários, com ameaças de redução de quadros”, destaca Cida Cruz, representante da Federação dos Bancários do Rio de Janeiro e Espirito Santo na Comissão de Organização dos Empregaods (COE) Itaú Unibanco, órgão da Contraf-CUT que assessora as negociações com o banco.
“Para completar, as palestras do momento dentro do banco são feitas pelo comandante do BOPE (batalhão especial da polícia do Rio de Janeiro). Deve ser por isso que tem tanta gente pedindo pra sair do banco”, ironiza Cida.
O fato é que os pedidos de demissão também têm sido grandes no Itaú Unibanco, reflexo da insatisfação destes trabalhadores com a politica do banco, com as condições de trabalho, cobrança de metas abusivas etc.
A Contraf-CUT cobrou o Itaú Unibanco sobre qual é a política de pessoal adotada pelo banco. Também deixou claro que irá combater todo e qualquer processo demissional dentro do banco.
Compensação
Dentro do debate sobre demissões, um ponto destacado foi a implantação do novo sistema no setor de compensação. De acordo com os representantes da empresa, existem no Itaú Unibanco cerca de 400 trabalhadores envolvidos diretamente nessa função. Com esse novo sistema, algo em torno de 20% destes funcionários precisariam de realocação, depois de um processo de requalificação.
“Mesmo antes deste novo sistema, já haviam ocorrido demissões nesta área. Não podemos permitir que inovações tecnológicas tragam prejuízo aos trabalhadores, principalmente na questão do emprego”, afirma Wanderley Crivellari, integrante da coordenação nacional da COE do Itaú Unibanco. “Os funcionários desta área geralmente têm muito tempo de casa, de dedicação ao banco, e merecem respeito”, completa.
A mudança vai gerar inclusiva mais demanda nas agências, que passarão a fazer a leitura dos cheques e todos os demais procedimentos de arquivo dos mesmos. “As agências já estão sofrendo com a falta de funcionários. Por isso, é importante que o Itaú Unibanco assuma o compromisso de garantir o emprego de todos estes trabalhadores”, destaca Jair Alves, integrante da coordenação nacional da COE Itaú Unibanco.
Fita de caixa
O banco informou que serão regularizados neste mês de maio os procedimentos para inclusão da operação de soma nas fitas de caixa, bem como da inclusão da mesma quando for necessário imprimir uma cópia da referida fita.
Licença maternidade
Foi cobrado do banco que incentive suas funcionárias a usufruírem o direito de 180 dias da licença maternidade. Os sindicatos receberam denúncias de funcionárias que, ao retornarem da licença, perderam sua carteira de clientes ou foram transferidas para outro local de trabalho.
“É inadmissível este tipo de conduta dentro de um banco como o Itaú Unibanco”, afirma Mauri Sérgio, representante da Federção dos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul na COE Itaú Unibanco.
Negociações permanentes
Ficou acertado entre a Contraf-CUT e o banco um calendário permanente de reuniões, visando tratar de outros pontos que se encontram pendentes, como, por exemplo, saúde e condições de trabalho e remuneração.
Fonte e foto: Contraf-CUT