Bancários entregam pauta de reivindicações

O Comando Nacional dos Bancários entregou nesta quarta-feira, dia 11, a pauta de reivindicações da Campanha Salarial 2010 à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), em São Paulo. A primeira rodada de negociação será realizada entre os dias 23 e 27.

O Comando Nacional dos Bancários entregou nesta quarta-feira, dia 11, a pauta de reivindicações da Campanha Salarial 2010 à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), em São Paulo.

A primeira rodada de negociação será realizada entre os dias 23 e 27 de agosto, com data a ser definida nos próximos dias.

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A pauta de reivindicações foi aprovada pela 12ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada no Rio de Janeiro entre 23 e 25 de julho após um amplo processo democrático de discussão com a categoria. E referendada pela assembléia dos bancários de Niterói e Região, no Sindicato, dia 6 de agosto.

No Rio, entrega será dia 17

No Rio de Janeiro, a minuta de reivindicações vai ser entregue ao Sindicato dos Bancos dia 17 de agosto, terça-feira. Será um ato simbólico com manifestação de sindicatos de todo o estado e encenação bem-humorada da Companhia de Emergência Teatral. Haverá carruagens e cavalos montados por banqueiros cometendo os sete pecados capitais (ira, soberba, luxúria, preguiça, gula, inveja e avareza). Os Sindicatos farão um protesto contra o assédio moral, as metas absurdas e as condições precárias de trabalho.

Veja abaixo as principais reivindicações da minuta entregue aos banqueiros nesta quarta-feira:

Reajuste salarial de 11%
– O índice de 11% é composto por aumento real de 5%, além de 5,71% de reposição da inflação projetada para o período entre 1º de setembro de 2009 e 31 de agosto de 2010.
– O aumento real nos salários conquistado pelos bancários nos últimos seis anos consecutivos tem valorizado o poder de compra dos trabalhadores.
– Consultas feitas pelos sindicatos de todo o Brasil foram a principal base para a decisão dos delegados bancários que aprovaram a reivindicação de 11% como índice de reajuste salarial.

PLR de três salários + R$ 4 mil
– A reivindicação que será levada aos banqueiros é o pagamento de três salários mais R$ 4 mil a título de Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Graças à luta da categoria ocorreram diversos avanços. No entanto, é preciso conquistar mais tornando a regra mais justa e sem o desconto dos programas próprios de remuneração.
– Para torná-la mais abrangente, está sendo reivindicado que os empregados dispensados sem justa causa ou que pedirem demissão tenham direito a 1/12 do salário por mês trabalhado ou a fração superior a 15 dias.

Valorização dos Pisos
– Os bancários querem a valorização dos salários de ingresso na categoria, com o piso salarial de escriturário baseado no salário mínimo do Dieese, de R$ 2.157. A medida, além de promover reajustes nos planos de carreiras existentes na empresa, também valoriza os novos trabalhadores das instituições financeiras.
– Portaria R$ 1.510
– Escriturário R$ 2.157
– Caixa R$ 2.913
– 1º Comissionado R$ 3.641
– 1º Gerente R$ 4.855

PCCS para todos
– Criação de um Plano de Carreiras, Cargos e Salários (PCCS) para todos os bancos, com o acompanhamento dos sindicatos (veja detalhes abaixo). O objetivo é que o trabalhador bancário possa enxergar um futuro na sua carreira dentro da instituição financeira, garantindo a igualdade de oportunidades a todos os trabalhadores na ascensão profissional, acompanhada de remuneração digna.
– Proposta de PCCS:
. Reajuste por tempo de casa
. 1% a cada ano de trabalho
. 2% a cada cinco anos de trabalho

Treinamento
– Os bancos são obrigados a treinar o trabalhador para a nova função por, no mínimo, 60 dias.

Seleção
– Para preencher uma nova vaga, o banco é obrigado a fazer um processo de seleção interna, com disponibilização da grade curricular necessária e curso para os trabalhadores dentro do expediente.
– Em caso de descomissionamento do bancário, a comissão será incorporada ao salário integralmente.

Remuneração total
– Contratação total da remuneração do bancário. Essa foi a decisão dos delegados na 12ª Conferência Nacional. Assim, é necessário negociar com os bancos, além da remuneração fixa (como os salários e verbas) a remuneração variável que a cada ano ocupa parcela maior do salário dos empregados dos bancos. A partir dessas negociações será possível colocar travas, limitar e acabar com a imposição de metas abusivas que atormentam e adoecem os trabalhadores.
– Entre as propostas para a remuneração variável, está a que os bancos paguem mensalmente 10% sobre o total das vendas dos produtos financeiros realizados nas unidades e 5% da receita de prestação de serviços, apurada trimestralmente e distribuída de forma linear, com a incorporação de um percentual ao salário.

Aumentos maiores no VA, VR e auxílio-creche
– Os delegados aprovaram aumentos maiores para os vales alimentação e refeição, cada um deles com o valor de um salário mínimo nacional (R$ 510). O aumento foi apontado como prioritária por 75% dos bancários que responderam à consulta do Sindicato. Essa significativa indicação pode ser explicada pela alta que ocorre em alguns produtos alimentícios de primeira necessidade. Segundo o Dieese, entre 1º de setembro de 2009 e 31 de maio de 2010 os alimentos que mais tiveram alta foram raízes e tubérculos (26,78%), grãos (25,38%), feijão (58,9%) e batata (84,7%). Foi aprovado também que o pagamento da cesta-alimentação ocorra durante todo o período de afastamento do bancário.
– O valor de um salário mínimo também está sendo reivindicado para a 13ª cesta-alimentação, conquistada durante a Campanha Nacional Unificada de 2007, e para o auxílio-creche.

Fim das metas abusivas
– Uma das maiores queixas dos trabalhadores é a cobrança para o cumprimento de metas abusivas. Dessa forma, os bancários estão reivindicando a participação de todos os trabalhadores na estipulação das metas e seus mecanismos de aferição, estabelecendo-se que as mesmas serão obrigatoriamente de caráter coletivo e definidas por departamentos/agências. Além disso, deverá levar em consideração o porte da unidade (departamento/agência), a região de localização, o número de empregados, a carteira de clientes, o perfil econômico local, a abordagem e o tempo de execução das tarefas. E ainda, que as metas serão adequadas e reduzidas proporcionalmente nas hipóteses de afastamentos, licenças, férias, ausência. Já os caixas das agências não serão submetidos às metas.

Combate ao assédio moral
– Considerado um dos principais focos do adoecimento da categoria, ao lado da cobrança pelo cumprimento das metas abusivas, o combate ao assédio moral também foi apontado por 75% dos bancários de São Paulo, Osasco e região como prioritário na Campanha Nacional Unificada 2010.
– Como proposta para resolver o problema, foi aprovada para integrar a pauta de reivindicações a implantação de programa de orientação e prevenção, com o acompanhamento das entidades sindicais.
– Entre as formas de coibir a prática está a criação de mecanismos que possibilitem a denúncia, garantia e preservação do denunciante, prazo para apuração e solução dos problemas.

Segurança bancária
– A segurança de bancários, vigilantes e clientes nas agências bancárias é uma das prioridades da categoria na Campanha Nacional Unificada 2010.
– Para minimizar os problemas que afetam milhares de trabalhadores de bancos públicos e privados, os delegados da conferência aprovaram como propostas: assistência médica e psicológica, além de estabilidade provisória aos bancários vítimas de assaltos, sequestros ou extorsões. Também a ampliação dos equipamentos de segurança nas agências, adicional de risco de vida de 30% para funcionários de agências, postos e tesouraria, proibição de transporte de valores e da guarda das chaves dos cofres pelos bancários.

Defesa do emprego
– Novas contratações, fim das terceirizações, garantia de emprego inclusive durante os processos de fusão, luta pela ratificação da Convenção 158 da OIT que proíbe dispensas imotivadas, acabar com as demissões por justa causa em função de endividamento, respeito à jornada de trabalho.
– Essas foram algumas das prioridades definidas pelos trabalhadores para garantir o emprego dos bancários. A elevação dos pisos de ingresso também servirá para combater a rotatividade na categoria, pois os novos contratados estão ocupando os salários dos trabalhadores desligados com salários cerca de 40% menores.

Sistema Financeiro
– Os bancários querem a regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal que regra o Sistema Financeiro Nacional, obrigando os bancos a exercerem seus papel social e promover o desenvolvimento do país.
– Outros pontos em relação ao SFN são a regulação da remuneração dos executivos e a democratização e ampliação do Conselho Monetário Nacional (CMN) de forma que os trabalhadores, assim como outros setores da sociedade, participem da definição de itens fundamentais para a economia do país e que hoje são decisões tomadas somente pelos técnicos do Banco Central, a exemplo da taxa de juros. Discutiram também a importância dos bancos públicos e se posicionaram contrários às privatizações.