O Itaú Unibanco e BTG Pactual deram um passo importante no processo de desenvolvimento do Drex, a versão digital do real. Os bancos estão participando dos testes com um piloto da moeda digital e realizaram a primeira transferência interbancária na rede do projeto.
A transferência envolveu uma versão tokenizada de reservas do BTG Pactual que foram enviadas para uma carteira digital do Itaú. Em seguida, o Itaú retornou essas reservas para o BTG.
Em reportagem publicada no Valor Econômico, o chefe da Itaú Digital Assets, Guto Antunes, afirmou que “foi a primeira troca na camada interbancária do real digital”.
As transferências ocorreram em cinco segundos, seguindo os padrões definidos pelo Banco Central, e serviram para “tangibilizar operações básicas” envolvendo a plataforma do Drex.
O Itaú Unibanco foi a primeira instituição participante da fase piloto da CBDC brasileira a criar um nó na rede blockchain Hyperledger Besu, a escolhida para esta etapa de testes.
O BTG Pactual também já criou o seu respectivo nó na rede, possibilitando as transferências.
Ao todo, 16 propostas de empresas individuais e consórcios foram escolhidas pelo Banco Central para participar do piloto do Drex.
O Banco Central anunciou, recentemente, que prorrogou o fim da fase piloto para maio de 2024. O BC atribuiu a decisão a alguns imprevistos nesta etapa, envolvendo três fatores: “a necessidade de evolução e amadurecimento das soluções de privacidade ora disponíveis no mercado”, “a necessidade de revisão da largura de banda disponível para parte dos participantes” e “a mobilização de pessoal no movimento de valorização da carreira do BC”.
Mas o atraso não restringiu as atividades dos participantes do piloto do Drex, como mostra o anúncio do BTG Pactual e do Itaú Unibanco. Nele, serão testados elementos como a segurança do projeto, a escalabilidade da rede escolhida e a privacidade de dados dos usuários.
A expectativa do Banco Central é que o Drex crie uma nova infraestrutura de funcionamento do mercado financeiro, simplificando diversas operações entre instituições. Com a tecnologia blockchain, é possível dar mais transparência e eficiência a transferências e outras movimentações.
A principal vantagem do Drex será a programabilidade, principalmente para operações financeiras, incluindo as realizadas por grandes agentes do mercado e envolvendo montantes maiores de dinheiro.
Será possível usar contratos inteligentes de blockchains não apenas para definir quando uma transação ocorrerá, mas também estabelecer condições prévias que precisam ser cumpridas para que essa transação ocorra.
Outra vantagem trazida pelo projeto é o incentivo à tokenização de ativos, partindo da própria moeda brasileira. A CBDC é vista pelo Banco Central como uma alternativa mais segura e regulada para ser usada nas transações envolvendo tokens, o que deve ajudar a atrair agentes do mercado mais tradicionais que, no momento, têm receio de entrar no segmento e precisar usar stablecoins, que são privadas.
*Fonte: Exame