A 6ª Conferência Mundial da UNI Mulheres, que terminou no último sábado (26), promoveu debates de temas que abordam a questão de gênero tanto no mercado de trabalho como na sociedade em geral. Na pauta, presença nos sindicatos, saúde e segurança, combate à violência e ao assédio, trabalho digno em ambiente sustentável e atenção à juventude.
Em sua participação, a secretária da Mulher da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Fernanda Lopes, destacou a violência contra as mulheres e apresentou o projeto “Basta! Não irão nos calar!” Fernanda falou sobre a importância de “compartilhar com muitos sindicatos do mundo nossa experiência com o Projeto Basta, que atende mulheres vítimas de violência e conta hoje com 12 canais funcionando nas cinco regiões do país”.
“Mulheres vítimas de violência não têm amparo jurídico, infelizmente mulheres vítimas de violência não têm atendimento, e pelo Basta!, fazemos esse atendimento. Então, temos muito orgulho dessa experiência que fortalece o sindicato cidadão, porque são vidas que estamos salvando”, ressaltou a secretária.
Fernanda comentou que “infelizmente todos os países trazem relatos semelhantes de violência contra as mulheres, mas juntas estamos trocando experiências exitosas e buscando transformar o mundo num lugar mais seguro para todas nós”.
Jovens
Bianca Garbelini, secretária de Juventude da Contraf-CUT, falou sobre as barreiras às jovens mulheres na sua formação e seus impactos na participação feminina no ramo financeiro.
“Os empregos que mais crescem atualmente no nosso ramo são os da área da tecnologia, já que a pandemia acelerou a digitalização nos bancos, área na qual infelizmente as mulheres são minoria. Historicamente, somos desincentivadas de estudar ciências exatas. Somos direcionadas para a área de cuidados, para atividades tidas como femininas”, relatou Bianca.
Para Bianca, “os sindicatos devem abraçar a tarefa de contribuir com a formação das jovens trabalhadoras para o emprego do futuro, que na realidade já é o emprego do presente, e garantir espaços de participação política para essas jovens. Jovens mulheres, especialmente no sul global, precisam de acesso ao estudo e ao trabalho decente, precisam de perspectiva de futuro, de um planeta vivo”.
A secretária também destacou que “as consequências da crise climática são sofridas por nós, mas não somos nós que causamos as alterações no clima, tampouco usufruímos do dinheiro e coisas cuja produção impactam o meio ambiente”.
A presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região (Seeb-SP), Neiva Ribeiro, observou que “os depoimentos das delegadas foram incríveis e mostraram como são parecidos os problemas enfrentados em todos os países.
Adoecimento e violência
Já a secretária de Organização e Suporte Administrativo do Seeb-SP, Ana Beatriz Garbelini, falou sobre fatores que levam ao adoecimento das mulheres, como a dupla jornada de trabalho. A dirigente ainda reforçou que “a violência de gênero também contribui para o adoecimento e, infelizmente, dentro dos sindicatos isso não é diferente”.
O evento reuniu 582 participantes, que representaram 202 sindicatos, de 73 países diferentes. A irlandesa Carol Scheffer foi eleita nova presidenta da UNI Mulheres durante o evento.
*Fonte: Contraf-CUT