Após três dias de debates, a 25ª Conferência Nacional d@s Bancári@s foi encerrada neste domingo (6), com bancárias e bancários apontando a necessidade de maior organização dos trabalhadores do ramo financeiro, com organização dos comitês de luta e brigadas digitais, para ampliar mobilização da luta por reforma tributária com distribuição de renda, regulamentação das plataformas digitais, melhorar as condições de trabalho e saúde dos trabalhadores, defender os bancos públicos e consolidar a democracia.
As plenárias contaram com 636 delegados representantes da categoria de todo o país e 98 convidados.
A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira, falou sobre o trabalho realizado nestes três dias.
“Tivemos excelentes debates nestes três dias de conferência e tiramos resoluções sobre os principais temas de ação dos trabalhadores do ramo financeiro. Elas vão orientar o posicionamento do Comando Nacional e das entidades sindicais do nosso campo na luta pela manutenção de nossos direitos e novas conquistas”, destacou.
Além da Conferência Nacional, Juvandia ressaltou o processo de debate realizado.
“É um dos processos mais democráticos e bem organizados do Brasil, que acontece desde as bases, passa pelas conferências locais e regionais, até chegar ao âmbito nacional. É um debate muito rico, mas também fazemos uma consulta à base, para que a categoria bancária possa opinar sobre os temas mais importantes para nossa luta. E esse processo é valorizado pelo Comando, como parte de formação e mobilização”, ressaltou.
Resoluções
Durante o evento, foram aprovadas seis resoluções para orientar a luta pela reforma tributária com tributação progressiva, que promova a distribuição de renda, onere os mais ricos e promova isenção maior para os mais pobres, tributação sobre os latifúndios e grandes fortunas e isenção da PLR.
Além disso, foi aprovada resolução sobre a organização do ramo financeiro, com a continuidade de identificação de todos os trabalhadores nas regiões do país e suas entidades representativas e mobilização, para que a reforma sindical seja um instrumento formal para o reconhecimento da representação por ramo de atividade econômica.
Outra resolução foi pela regulamentação das plataformas digitais, para que haja a garantia da proteção dos direitos e privacidade dos usuários, com ambiente mais seguro contra abusos, assédio, discurso de ódio e outros conteúdos prejudiciais à vida em sociedade. Mas, também para que as plataformas sejam tributadas de acordo com a atividade econômica que realizam, evitando evasão fiscal e garantindo a arrecadação de recursos para o Estado.
A quarta resolução, relacionada ao tema da Conferência e a tudo o que foi debatido, direciona a luta pela busca de “democracia sempre”, por um país democrático, socialmente justo e ambientalmente sustentável. Uma democracia sólida, que garanta direitos e liberdades individuais, assim como a participação ativa dos cidadãos na tomada de decisões.
Uma democracia com políticas públicas orientadas para a redução das desigualdades sociais e que proporcionem igualdade de oportunidades para todos, independentemente da origem social, raça, gênero ou religião.
Uma democracia que adote políticas de conservação dos recursos naturais, com redução das emissões de gases que causam efeito estufa, promova o uso das energias renováveis, a preservação da biodiversidade e a promoção do desenvolvimento sustentável em todas as áreas e promova a transição para uma economia verde, com estímulo à pesquisa e desenvolvimento de tecnologias limpas e renováveis para gerar empregos e criar uma economia.
A quinta resolução foi pelo fortalecimento dos Comitês de Luta e das Brigadas Digitais da Classe Trabalhadora, para que o movimento sindical aumente sua participação e sua influência questões sociais, políticas e econômicas em debate na sociedade.
A sexta e última resolução é pelo fortalecimento da campanha “Menos metas, mais saúde”, pela luta contra a gestão e práticas de assédio moral em decorrência dos programas de resultados vinculados a metas abusivas praticadas pelos bancos, que causam adoecimento dos bancários no ambiente de trabalho.
Moções e propostas
As propostas encaminhadas pelas conferências regionais como orientações para a ação do Comando Nacional e da categoria também foram aprovadas. Assim como nove moções em apoio às deputadas vítimas de violência política e assédio de gênero; de repúdio ao Banco do Amazonas (Basa) pela demissão em massa do Quadro de Apoio; em defesa da Caixa Econômica Federal; em repúdio ao genocídio da população negra e a violência seletiva da Polícia Militar; em repúdio ao “Agiliza” nas salas de autoatendimento da Caixa; em apoio à proposta de retorno do Vale-Cultura; em repúdio contra as ações e práticas antissidincais do banco Santander; em apoio à campanha “Por uma Caixa Sem Retrocessos e 100% Pública”; e em apoio de pela isenção da mensalidade sindical no IR.
Correntes políticas
As correntes políticas que compõem o Comando Nacional dos Bancários também se posicionaram no encerramento da 25ª Conferência Nacional d@s Trabalhador@s do Ramo Financeiro.
Manoel Elídio Rosa, o Mané Gabeira, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de São Paulo, Osasco e Região, da Contraf-CUT e representante da Intersindical, iniciou sua intervenção parabenizando todos os delgados e delegadas da Conferência e exaltando a participação e a oportunidade de aprender também com a juventude. Em seguida, o dirigente apontou o principal desafio atual:
“Nós vencemos uma eleição muito difícil! Vencemos pela unidade da esquerda e pela unidade democrática. Mais que isso, vencemos pelo voto do pobre, dos nordestinos e das mulheres. E, agora, precisamos mudar a realidade econômica do País, pois 60% dos trabalhadores estão no mercado informal e nós precisamos dialogar com esses trabalhadores. Nossa tarefa é resgatar a justiça social, a solidariedade e a organização coletiva”, afirmou.
*Fonte: Contraf-CUT