Em encontro com sindicalistas, ministra anuncia campanha para reforçar ações contra a violência e por igualdade de gênero

 

A ministra da Mulher, Cida Gonçalves, anunciou a campanha por respeito, que será lançada pela pasta no início de agosto, para reforçar as ações contra a violência e por igualdade de gênero. O anúncio foi feito na última segunda-feira (24).

 

“Nós podemos fazer 5.700 casas da mulher brasileira, mas nós não vamos dar conta [de resolver a violência de gênero], porque não vamos enfrentar a raiz do problema que é o ódio colocado contra as mulheres, um ódio que tem nos matado e nos violentado”, afirmou a ministra, referindo-se ao programa de atendimento humanizado e especializado chamado Casa da Mulher Brasileira, que o governo está ampliando para alcançar todas as regiões do país.

 

O anúncio foi feito durante um encontro no Sindicato dos Químicos de São Paulo, com a participação de mais de 500 mulheres. A ministra quis dizer que a luta contra a violência de gênero não está apenas no atendimento às vítimas, mas na mudança de pensamento que segue enraizado na sociedade brasileira.

 

Cida Gonçalves convidou as participantes a utilizarem ativamente as redes sociais.

 

“É esse ódio [socialmente presente no país] que determina que você tem que ser rainha do lar, ou que você tem que ser a mulher bonita, a bela, recatada e do lar. É esse mesmo ódio que determina uma série de coisas que leva à misoginia. (…) Então, nós vamos invadir as redes sociais, pra dizer que nós merecemos respeito. As redes sociais são mais um espaço para ser usado para [firmar] o empoderamento das mulheres”, prosseguiu a ministra.

 

A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da CUT, Juvandia Moreira, avaliou que o encontro reafirma a mudança de postura do Estado brasileiro, em relação à desigualdade de gênero. Por outro lado, apontou que apesar de hoje haver um governo progressista atuando no poder do país, as mulheres estão enfrentando novos ataques nos espaços de poder.

 

“Neste momento, deputadas estão sofrendo perseguição política na Câmara, justamente por ocuparem cargos de liderança. Por isso nós estamos aqui somando vozes ao movimento ‘elas ficam’, em apoio às parlamentares e a todas as trabalhadoras, que batalham todos os dias pela vida, pela comida e por suas famílias”, pontuou Juvandia.

 

Convenção 190 e equidade salarial

 

A secretária da Mulher da Contraf-CUT, Fernanda Lopes, falou sobre a ratificação da Convenção 190 (C190) da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata do combate à violência e ao assédio no mundo laboral.

 

“Em março, o governo entregou o pedido pela ratificação da C190 ao Congresso, onde a convenção tramita atualmente. Então, o país está muito próximo de dar esse importante passo, que significará um avanço sem precedente na luta contra todo o tipo de assédio”, explicou.

 

Fernanda destacou ainda a importância da recente vitória para as mulheres, com a sansão do projeto de Lei 1.085, que muda a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para assegurar a igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre os gêneros.

 

“A inovação que essa lei traz é o estabelecimento da obrigatoriedade da equiparação, a ser verificada por meio documental, ampliando as formas de fiscalização e multa. Neste sentido, os sindicatos terão papel fundamental no processo de acompanhamento e fiscalização, ao lado do Ministério do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho”, concluiu Fernanda.

 

*Fonte: Contraf-CUT