O Grupo de Trabalho (GT) sobre condições de trabalho na Caixa voltou a se reunir na sexta-feira (16). Durante o encontro, a representação dos empregados ressaltou a importância das mesas de negociações permanentes com o banco e especificamente do GT para avançar na construção de um ambiente salubre de trabalho.
A coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, destacou a importância de avançar nas negociações de reivindicações já apresentadas.
“É preciso que o banco apresente um calendário de negociações mais amplas, para além das que ocorrem nos GTs mês a mês. Precisamos que haja avanços nas reivindicações que foram passadas para o banco desde o último Conecef (Congresso Nacional dos Empregados da Caixa) e já reapresentadas a esta gestão”, afirmou Fabiana.
A coordenadora aproveitou para falar sobre a indignação das entidades sindicais e dos empregados com relação à alteração do normativo RH 184, que trata sobre o exercício de função gratificada/cargo em comissão.
“Nosso Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) é bem claro com relação às medidas do banco que afetem as empregadas e empregados: antes de serem efetivadas, elas precisam passar pela mesa de negociações”, afirmou.
Fabiana criticou a atitude do banco.
“O banco não colocou o tema em discussão. Fez as mudanças e, depois que viu a reação dos trabalhadores, soltou um comunicado dizendo que a intenção da Caixa é não descomissionar quem estiver em tratamento de saúde, mesmo após os 180 dias. Isso não está claro na nova redação do normativo. E essa falta de clareza, somada à falta de comunicação prévia às representações sindicais, gerou instabilidade desnecessária entre os trabalhadores. Tudo isso poderia ter sido evitado”, completou.
O banco aceitou rever a redação para dar mais clareza às mudanças realizadas no normativo.
Sem respostas
Grande parte da reunião foi dedicada ao imbróglio envolvendo as mudanças realizadas no RH 184. O banco apresentou projetos de ações em relação à diversidade e afirmou que os PCDs têm prioridade para as vagas de trabalho em home office, apresentou uma “Carta Compromisso”, assinada por toda a alta direção do banco, pela “Prevenção e combate ao assédio moral, sexual e à discriminação”, mas não trouxe respostas para pendências de reuniões anteriores, como a quantidade de unidades da Caixa com PCDs lotadas e quais funções são ocupadas por este grupamento.
Fabiana reconheceu a importância dos projetos apresentados pela Caixa, mas observou que “as PCDs querem saber se podem ter a expectativa de ascensão de carreira dentro do banco. O respeito à diversidade não pode ser só no papel, precisa ser efetiva”.
Outra cobrança feita foi em relação à prioridade para os empregados com deficiência e empregados com filho, ou criança sob guarda judicial de até seis anos, para o teletrabalho, conforme preconiza o art. 75, F da CLT. Ainda com relação às PCDs, os trabalhadores cobram que a Caixa cumpra a lei e garanta jornada reduzida para mães e pais que têm filhos PCDs.
Também ficou sem resposta a pendência quanto à quantidade e localidade de empregados afastados para tratamento de saúde e os respectivos códigos de Classificação Internacional de Doença (CIDs).
“Não queremos saber das identidades das pessoas, nem de casos específicos. Queremos saber o que afeta os empregados para tentarmos, juntos com o banco, encontrar soluções para que os empregados parem de adoecer”, disse a coordenadora da CEE.
Outros pontos
Fabiana Uehara lembrou que o movimento sindical é contrário ao Programa de Qualidade de Vendas (PQV), que continua penalizando os empregados, que são assediados e pressionados a cumprir metas abusivas.
“Antes de penalizar os empregados é necessário atuar em cima do que gera essas vendas sem qualidade”, disse a coordenadora.
O pedido de exclusão do programa “Fique bem” do Conquiste também foi reforçado.
“Do jeito que foi colocado, além do programa ter o seu objetivo desvirtuado, é mais uma meta a ser batida”, afirmou a coordenadora da CEE.
Também foi pedido o retorno dos fóruns regionais de condições de trabalho, para que a representação sindical e o banco debatam e encontrem soluções sobre estrutura física, tecnológica, de pessoas, jornada, entre outros pontos que afetam o dia a dia de trabalho nas unidades do banco.
“Para além de tudo isso que pontuamos, não dá para falar de condições de trabalho sem termos sistemas estáveis. Os problemas de sistema acabam gerando retrabalho. Precisamos de sistemas que funcionem. Isso precisa ser debatido e resolvido”, completou Fabiana.
*Fonte: Contraf-CUT