Estudo produzido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sobre o desempenho dos bancos mostra que, no ano passado, os cinco maiores bancos do Brasil tiveram lucro de R$ 106,7 bilhões.
O Itaú Unibanco segue como maior banco do país em ativos, que atingiram um montante aproximado de R$ 2,5 trilhões ao final de 2022, com alta de 14,0% em doze meses (a maior alta observada no período entre os cinco bancos).
O segundo maior ativo é o Banco do Brasil, totalizando pouco mais de R$ 2,0 trilhões, com alta de 5,0%, seguido do Bradesco, que obteve crescimento de 7,6% em seus ativos, chegando a, aproximadamente, R$ 1,8 trilhão ao final do ano.
Os ativos da Caixa Econômica superaram R$ 1,5 trilhão, com alta de 9,4% no período. O banco Santander, por sua vez, apresentou alta de 8,8% em seus ativos, totalizando pouco mais de R$ 1,0 trilhão.
Para a economista e técnica do Dieese, na subseção da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Vivian Machado, a alta da Selic é uma das principais responsáveis por essa lucratividade.
“A taxa Selic é uma das principais responsáveis por esse lucro. Além das taxas dos próprios bancos, existem as receitas das aplicações compulsórias, que são recursos que os bancos têm que deixar no próprio Banco Central. São recursos que eles nem mexem, que estão ganhando com os recursos parados ali. Estão ganhando a partir da taxa Selic”, explicou a economista.
Segundo Vivian, também contribui para esse lucro, num segundo plano, as tarifas de prestação de serviços, as tarifas bancárias, as receitas de prestação de serviços que sozinhas pagam toda a folha de pagamento dos bancos.
Vivian lembrou que esse lucro não é revertido para os empregados, já que os bancos, cada vez mais, investem na digitalização.
“Os bancos vêm, há alguns anos, apostando na digitalização. Eles investem mais de R$ 20 bilhões ao ano em tecnologia e, com isso, estão substituindo a sua estrutura física, fechando agências tradicionais e apostando em novos formatos, além das agências digitais, escritórios especializados, agências que eles chamam de unidades de negócios. São agências mais enxutas e com o mínimo de pessoal para atendimento. Dessa forma, estão diminuindo cada vez mais o número de bancários”, explicou a economista.
Segundo o estudo do Dieese, um resultado direto da manutenção das taxas de juros num patamar tão elevado é o endividamento das famílias brasileiras. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), ao final de 2022, 77,9% das famílias declararam estar endividadas, um endividamento recorde, com alta de sete pontos percentuais em relação a 2021, quando 70,9% das famílias declararam ter dívidas.