Durante reunião na última sexta-feira (19), a Comissão Executiva dos Empregados (CEE) cobrou do novo vice-presidente de Pessoas (Vipes) da Caixa Econômica Federal, Sergio Mendonça, o fim da cultura de assédio no banco. Também participou da reunião o diretor de Pessoas, Daniel de Castro Borges, além de dirigentes da Diretoria de Integridade.
O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Rafael de Castro, lembrou que é preciso respeito.
“A Caixa é um banco público e sua principal característica é o atendimento de beneficiários de programas sociais do governo e clientes de baixa e média renda, não tem sentido a cultura organizacional atual, que reconhece apenas quem comercializa produtos e marginaliza quem cumpre o papel social do banco. É preciso tratar o banco, empregados e clientes com respeito. A Caixa é o que é, por causa da atuação de todos os empregados, não só daqueles que se enquadram no perfil mais comercial adotado no último período”, ressaltou Rafael.
Eliana Brasil, diretora executiva da Contraf-CUT, observou que o empregado da Caixa está hoje numa rotina de competição interna em um nível que não permite que ele enxergue mais o papel social do banco.
“Essa estratégia não tem dado resultado positivo. Os empregados estão em situação precária de saúde, o lucro não aumentou e perdemos mercado, com clientes buscando pela concorrência”, disse Eliana.
Perfil de vendas
A CEE defendeu que as empregadas e os empregados não podem ser punidos pelo fato de clientes cancelarem produtos da cesta de serviços, sendo que a própria Caixa manda mensagem para estes clientes, orientando a solicitarem o cancelamento quando este não se enquadra em seu perfil, outro exemplo de punição dada pela Caixa é quando o cliente aceita um cartão, mas não o ativa após 90 dias. Nestes casos a Caixa tem impedido a participação dos trabalhadores nos Processos de Seleção Interna (PSI) e feito ameaças para intimidar os bancários da rede de agências.
Os representantes dos empregados foram unânimes em condenar o Programa de Qualidade de Vendas (PQV), classificado como inaceitável, por não resolver a questão de uma possível venda malfeita, alegada pela Caixa.
“Os empregados não fazem venda forçada pra nenhum cliente por iniciativa própria. O problema que tem que ser resolvido é o que motiva as vendas forçadas: As metas abusivas impostas pelo banco. É preciso acabar com a cultura do assédio, das cobranças pra bater meta a qualquer custo. O que o banco precisa fazer é oferecer condições de trabalho e treinamentos adequados aos empregados, precisa, urgentemente, contratar novos empregados para aliviar a sobrecarga dos colegas”, afirmou a coordenadora da CEE, Fabiana Uehara Proscholdt.
Para os representantes dos trabalhadores, os problemas registrados nas agências e outras unidades da Caixa seguem na linha de retrocesso desenfreado da gestão anterior.
“Para a reconstrução da Caixa que o Brasil precisa, a medida de gestão mais emergencial é o respeito e a valorização do corpo funcional do banco. A gestão tem que, de fato, ser humanizada. Precisamos debater sobre assédio moral e sexual em um grupo específico para encontrar soluções para os problemas”, ressaltou a coordenadora da CEE, que cobrou um calendário de negociações, com cronograma de debates para que as reivindicações da categoria avancem.
Volta da Vipes
A recriação da Vipes, que havia sido extinta no primeiro semestre de 2021, ainda sob a gestão de Pedro Guimarães, foi classificada como um fato de importância simbólica e histórica, uma vez que ocorreu a partir de uma reivindicação dos empregados.
“O movimento sindical bancário sempre defendeu a necessidade de uma área específica de gestão de pessoas, considerada imprescindível não só para o processo de reconstrução da Caixa que o Brasil precisa, mas também para o cuidado com os seus trabalhadores”, destacou Fabiana Uehara Proscholdt.
A representação dos empregados reivindicou ainda os seguintes itens:
- fim do teto de gasto do Saúde Caixa, bem como a melhoria do plano;
- valorização da Universidade Caixa com volta dos cursos presenciais;
- processos seletivos internos transparentes, democráticos e abertos a todos;
- home-office com cumprimento efetivo da legislação sendo prioridade aos empregados com deficiência e aos empregados com filhos ou criança sob guarda judicial até 6 anos (art. 75-F CLT);
- jornada reduzida para os pais de filhos PCDs (analogia a Lei nº 8.112/90);
- rediscussão do PCS, ESU;
- retorno das Gipes, bem como áreas de apoio aos empregados (descentralização – com uma por estado);
- fim das funções por minuto, com efetivação dos empregados que executam hoje essas atividades;
- fim do banco de horas negativo e dotação orçamentária necessária para as horas extras;
- reparações aos empregados perseguidos na gestão anterior.
Fonte: Contraf-CUT