A diretora administrativa Maria Auxiliadora Alves da Silva vai reassumir suas funções no Banesprev, fundo de pensão dos ex-funcionários do Banespa (comprado pelo Santander em 2000). Ela ficou afastada 11 meses do mandato para o qual foi eleita, por solicitação do Banesprev. Mas a Previc, autarquia que regula o setor, anulou o processo.
Em 10 de abril, o Banesprev foi notificado do despacho da Previc, mas pediu esclarecimentos de alguns pontos. Com os questionamentos respondidos pela Previc, a única alternativa do Fundo é a recondução da funcionária à diretoria.
Para Rita Berlofa, funcionária do Santander e secretária de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), o Banesprev não precisava passar por isso.
“O Banesprev perdeu mais uma oportunidade de evitar um erro grave. Nós já havíamos apontado a eles os problemas dessa postura. Eles poderiam ter evitado mais esse desgaste à imagem, mas parece que, a exemplo da patrocinadora Santander, o Banesprev está sempre apostando no conflito. Por isso, não nos restou alternativa, que não fosse recorrer à Previc, responsável pela correção dessa distorção”, disse Rita.
As entidades representativas dos trabalhadores vão estudar as medidas cabíveis por terem ficado sem representação junto à diretoria do Fundo por 11 meses, além do nome da diretora eleita ter sido indevidamente vinculado à conduta não ilibada.
O processo teve como base uma multa aplicada à Maria Auxiliadora pela Previc, quando trabalhou em outro fundo de pensão, na condição de chefe de gabinete, com participação em um comitê de investimentos.
O investimento objeto da multa, um Fundo de Precatórios feito na gestão anterior àquela da qual participou apresentou sérios problemas. A multa a ela atribuída foi, na visão da Previc, pela falta do devido acompanhamento desse fundo.
“O único acompanhamento que se pode fazer em um investimento dessa modalidade é a verificação dos vencimentos dos precatórios, sendo que era um fundo gerido por uma das maiores administradoras de recursos do mundo, a BNY Mellon (atualmente condenada em primeira instância a pagar pelos prejuízos causados por esse Fundo)”, disse Maria Auxiliadora.
Rita Berlofa criticou a atitude do Banesprev:
“O Banesprev sequer teve o cuidado de verificar que ela entrou com recurso contra a autuação, ainda não analisado pela Diretoria Colegiada da Previc, o que suspende os seus efeitos. Mas o Banesprev tem pressa e atropela todos os normativos, como sempre tem feito nesta gestão.”
Fonte: Contraf-CUT