Juros altos impedem crescimento do país

 

O país tem sofrido uma crise no crédito, principalmente no setor empresarial, em decorrência da alta taxa básica de juros (Selic), que está em 13,75% ao ano. Com juros reais na casa de 7,5% ao ano, o gasto do governo com serviços da dívida explode: de novembro de 2020 ao mesmo mês de 2022 foi de pouco mais de R$ 300 bi para os R$ 600 bi.

Esses pagamentos comprometem grande parte do orçamento público, que poderia ter outra utilização em cenário de juros menores, como em obras públicas, responsáveis por estimular a produção como um todo.

Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da CUT, avaliou a questão.

 

“Os favorecidos são apenas os bancos, que possuem quase 30% dos títulos públicos federais, e os rentistas, que especulam no mercado financeiro, sem produzir ou gerar postos de trabalho”, explicou Juvandia.

 

A justificativa do Banco Central (BC) para manter a Selic nos estratosféricos 13,75% é que seria um recurso de controle da inflação. A presidenta da Contraf-CUT discorda.

 

“Mas isso só funciona quando os preços sobem por causa da demanda, que não é o caso atual. No Brasil, a inflação decorre de outros fenômenos, como os elevados preços de produtos estratégicos, combustível, por exemplo, em função de fatores internacionais, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, além de fatores climáticos que impactam nos preços dos alimentos”, afirmou.

Juvandia defende a queda dos juros.

 

“Os juros têm que cair, não dá para esperar. Temos mais de 9 milhões de desempregados, 5 milhões de subocupados e 4 milhões de desalentados. Basta! O Brasil precisa se reconstruir”, completou.

 

Perspectivas

 

Com os altos juros estrangulando o setor produtivo, o BC estima queda na atividade econômica do país, com o Produto Interno Bruto (PIB) em queda livre: 5% em 2021, 3% em 2022, 0,9% em 2023 e 1,5% em 2024.

A presidenta da Contraf-CUT alerta que “essa política monetária produz todos os componentes para bloquear a produção, o consumo e o investimento no setor produtivo, com a consequente queda do número de empregos e da renda”.

Para a dirigente, “o país está assistindo a uma postura criminosa que apenas empobrece o trabalhador brasileiro”. Por essa razão, “todo o movimento sindical está dizendo ‘Fora Campos Neto!’”, concluiu.

 

*Fonte: Contraf-CUT