Caixa conclui investigações sobre acusações ao ex-presidente do banco Pedro Guimarães de assédio sexual

 

A corregedoria da Caixa Econômica Federal concluiu a investigação interna sobre as denúncias contra o ex-presidente do banco Pedro Guimarães por assédio sexual e moral.

 

A corregedoria da Caixa reuniu mais de 50 depoimentos de vítimas e testemunhas e levantou informações sobre as denúncias de assédio sexual e moral contra o ex-presidente do banco Pedro Guimarães – verificou viagens e reservas de hotel, fotos e datas de jantares e reuniões.

 

O relatório final tem cerca de 500 páginas e já foi apresentado ao Conselho de Administração do banco. A conclusão da corregedoria é que existem fortes indícios de assédio moral e sexual praticados por Pedro Guimarães quando era presidente da Caixa. O relatório já foi compartilhado com os Ministérios Públicos Federal e do Trabalho, com a Controladoria-Geral da União e com a Comissão de Ética da Presidência da República.

 

No documento, a corregedoria afirma que “dos fatos relatados pelos entrevistados e depoentes, corroborados pelos demais elementos de prova, é possível afirmar que há indícios de práticas irregulares de índole sexual. E ao que tudo aponta, teriam sido praticadas de forma reiterada e se utilizando das mais variadas formas de expressão (física, gestual ou verbal) e valendo-se, inclusive, e em especial, da condição de presidente da empresa”.

 

A corregedoria da Caixa também afirma que constatou que frequentemente Pedro Guimarães adotava práticas como: abuso do poder hierárquico, atitudes constrangedoras, comportamentos agressivos, tratamento ríspido e submissão de empregados a práticas de humilhação e vexame. E concluiu que os relatos expõem uma gestão pautada na cultura de medo, comunicação violenta, insegurança, manipulação, intransigência e permissão ao assédio.

 

A primeira denúncia foi feita à corregedoria em maio. No mês seguinte, quando as denúncias vieram a público, Pedro Guimarães pediu demissão. Outros cinco vice-presidentes também já foram substituídos.

 

A corregedoria vai abrir agora novas investigações para apurar outros possíveis desvios de conduta de Pedro Guimarães e pessoas ligadas a ele.

 

O Ministério Público do Trabalho já ajuizou uma ação civil pública pedindo indenizações milionárias à Caixa e ao ex-presidente. O Ministério Público Federal também investiga as denúncias.

 

Advogadas das vítimas do ex-presidente da Caixa afirmaram nesta terça-feira (25), em nota, ser motivo de tristeza que o presidente Jair Bolsonaro tenha dito que não viu nada contundente nos depoimentos de mulheres sobre o comportamento de Pedro Guimarães.

 

A nota menciona condutas como apalpar seios e nádegas, convidar para idas a saunas, convocar funcionárias até seus aposentos em hotéis sob pretextos profissionais e recebê-las em trajes íntimos. A declaração de Bolsonaro foi na segunda-feira (24), em entrevista ao site Metrópoles.

 

A defesa de Pedro Guimarães repudiou a forma de condução da investigação pela corregedoria da Caixa. A defesa questionou a parcialidade da comissão interna, afirmou que as conclusões pouco contribuem para o esclarecimento das apurações e que Pedro Guimarães confia na Justiça e no Ministério Público Federal.

 

A Caixa afirmou que não tolera desvio de conduta de dirigentes ou empregados e que, além do relatório da corregedoria, contratou auditoria externa, formou um comitê independente para investigar as denúncias e reforçou o canal de denúncias.

 

Fonte: G1