Reestruturação do Bradesco preocupa sindicato e funcionários em relação à segurança

 

Apesar de o Bradesco não anunciar, oficialmente, que há um programa de reestruturação em andamento, as demissões acontecem ao mesmo tempo em que o banco vem transformando agências em unidades de negócio (UN), estruturas sem caixas e com atendimento automatizado.

 

“De janeiro até agora, segundo levantamento que fizemos nas bases dos sindicatos, passamos de 3 mil demissões. Isto tem a ver com a implementação das unidades de negócios?”, questionou Magaly Fagundes, coordenadora da COE.

 

Considerando doze meses, encerrados em setembro de 2021, o Bradesco eliminou cerca de mil agências, resultando no corte de mais de 8.100 postos de trabalho.

 

Os representantes do banco argumentaram que as UNs são “uma estratégia de negócio que respondem a uma demanda de mercado”, processo que já vinha ocorrendo, mas que foi “acelerado pela pandemia” e que “não existe, neste momento, reestruturação”.

 

Os representantes dos trabalhadores rebateram: “Temos cidades com 300 mil habitantes onde o banco deixou apenas uma agência para atender todo o público, sobrecarregando os funcionários”, destacou o diretor do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região, Geraldo Rodrigues de Oliveira.

 

Outra preocupação dos sindicatos e de funcionários é a segurança. As UNs não têm tanto movimento como as agências, mas há um caixa eletrônico que acaba expondo o funcionário.

 

Em relação ao aumento das demissões, os porta-vozes da direção do Bradesco disseram que parte dos desligamentos “são de pessoas que estão pedindo demissão para trabalhar em outras áreas, indústrias, ou abrir negócio próprio”.

 

Os representantes dos trabalhadores rebateram: “As demissões não tem a ver com o descontentamento dos funcionários com a situação do trabalho, plano de carreira e salários?”, perguntou Magaly. “Quando olhamos para os números, ficamos um pouco assustados, porque o Bradesco sempre defendeu ser ele um banco de carreira”, completou a coordenadora da COE.

 

“Hoje aconteceram dois casos comigo, de duas bancárias distintas. Uma gerente de agência, dizendo que o motivo da sua demissão foi ‘reestruturação’, palavra que saiu da boca da gestora dela, e outra que pediu para sair por causa de sobrecarga no trabalho, para buscar emprego em outro banco”, contou a representante do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região na COE Bradesco, Erica Oliveira.

 

Para os representantes dos trabalhadores, o fechamento de agências e a redução do número de funcionários, da forma como estão ocorrendo, precisam ser esclarecidos pelo Bradesco. Durante o encontro eles destacaram a necessidade de o banco apresentar em breve uma resposta à minuta de reivindicações que abre, justamente, com o pedido para que a empresa institua “medidas que visem aumentar o número de empregados, adequando o seu quadro funcional à praça e ao porte das agências, de modo que não ocorra sobrecarga de trabalho e o tempo de espera no atendimento dos clientes e usuários não seja superior a 15 minutos”.