Abertura da Conferência Nacional reúne mais de 1.200 Bancários online

 

A 23ª Conferência Nacional dos Bancários começou na noite desta sexta-feira (3) com um número recorde de delegados e delegadas representantes da categoria em todo o país. Foram 1.175 delegados e 131 convidados inscritos.

 

Um vídeo apresentou uma retrospectiva das negociações e das conquistas obtidas pela categoria em meio a uma conjuntura de ataques aos direitos dos trabalhadores e de crise sanitária que já matou mais de 580 mil pessoas e deixará sequelas em milhões de outras.

Na abertura solene, a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, o responsável pela realização da Conferência, ressaltou a dura conjuntura que vivemos no país.

“Desde o ano passado, vivemos numa pandemia que ceifou milhões de vidas. No Brasil, foram quase 600 mil vidas por conta da gestão da pandemia que foi feita pelo governo Bolsonaro. Temos um governo genocida, porque teve oportunidade de comprar vacina e não comprou. Não comprou porque foi buscar intermediários para comprar vacina. Vamos homenagear todos os bancários e bancárias que perderam suas vidas, homenagear os dirigentes sindicais que lutando para defender a vida dos bancários perderam a suas vidas. Por causa desse desgoverno. Vamos continuar lutando firme e forte”, disse.

 

“Não tem como lutar contra as desigualdades, por emprego e pela democracia se não lutarmos pelo Fora Bolsonaro. Esse governo representa as desigualdades, o entreguismo e o fascismo que vivemos nesse momento. Mas tirar apenas Bolsonaro não resolve o problema. Tem que tirar também o Mourão, o Paulo Guedes. Precisamos ter um Brasil com justiça social. Espero que a conferência pense nesse Brasil, que podemos retomar esse Brasil de volta e devemos fazer isso”, afirmou Juvandia.

 

A presidenta da Contraf-CUT lembrou que a vida de vários companheiros bancários e bancárias, vítimas da Covid-19 poderia ter sido salva não fosse o governo genocida. “Lembro das primeiras mortes, o quanto doeu fundo na gente, o quanto a gente se enchia mais de vontade de lutar para salvar vidas de nossos colegas, para colocar mais gente em teletrabalho. O trabalho do Comando Nacional foi intenso. Não paramos de lutar. Os sindicatos não pararam de lutar e se mostraram instrumentos fundamentais”, ressaltou a presidenta da Contraf-CUT.

 

A situação de crise no país foi destacada por Juvandia como resultado de um golpe articulado “por uma elite entreguista, uma elite do atraso e descomprometida, que não tem empatia com a população”. A presidenta da Contraf-CUT afirmou que não existe possibilidade de os trabalhadores conquistarem direitos sem a democracia. “A democracia precisa ser defendida a todo custo. Sem democracia, não temos direitos, não temos convenção coletiva, PLR, vale refeição e alimentação”, afirmou.

 

Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, iniciou sua fala pendido mais gentileza entre as pessoas.

 

“Nós precisamos usar mais palavras carinhosas. O mundo está tão duro, o mundo está tão difícil que as vezes a gente esquece os momentos de carinhos. Mas, temos também que lamentar todos os brasileiros que perdemos porque o Brasil, quando tinha muitas opções, por uma imprudência da nossa sociedade, optou por colocar o Bolsonaro na presidência. E, na pandemia, descobrimos que ele também é genocida. Além de tudo que já sabíamos. E também temos de lembrar muito bem que só estamos neste caos, com a gasolina cara, a comida cara, com a carne impossível de comprar por causa de um movimento que começou lá traz. Nesta semana fez cinco anos do golpe que tirou uma presidenta eleita. E, desde 2016, todos os brasileiros e brasileiras têm amargado tudo o que aconteceu. Agora, no Brasil estamos com milhões de desempregados, muita miséria e fome, coisa que não víamos há muitos anos. Mas, nós vivemos um período que nos permite ver como é possível mudar o país. Como é possível governar para todos. Por isso, também é importante a defesa da democracia, que tem sido tão atacada. E na defesa da democracia também é importante os defender os sindicatos. Então, nossa grande luta hoje também tem de ser pela manutenção das instituições, manter os sindicatos, para defender a democracia e, em 2022, podermos mudar esse estado. Por isso, essa conferência vai debater o país que queremos e como construí-lo”.

 

 

 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que falaria sobre “O Brasil que queremos”, não pôde participar da Conferência por ter que comparecer ao velório de Sergio Mamberti, que faleceu na madrugada desta sexta-feira. Mas, Lula enviou um vídeo com uma saudação à conferência e lembrou da relação que tem com a categoria. “Minha relação com os bancários é muito forte. Vem desse 1978, com o companheiro Augusto (Campos), que todo mundo deve conhecer, depois o (Luiz) Gushiken, depois o Ricardo Berzoini, depois o (João) Vacari, depois a Juvandia, agora a Ivone. A gente não teria conseguido tudo que a gente conseguiu, não teria se transformado no protagonista que nos transformamos neste país se não fosse uma categoria como a dos bancários. Eu devo muito a vocês e, sobretudo, eu devo muito à solidariedade que vocês tiveram comigo quando eu fiquei 580 dias na polícia federal. Eu não seria o que eu sou se não tivesse vocês como companheiros”, disse.

Lula lamentou o desmonte que está sendo realizado nos bancos públicos. “Fico triste por muitas agências que incentivamos que fossem abertas pela Caixa Econômica Federal, pelo Banco do Brasil, pelo BNB, pelo Basa, e pela quantidade de coisas que a gente fez para que o BNDES criasse para gerar oportunidades de crédito e de emprego estarem acabando. Inclusive, a diminuição da categoria bancária”, lamentou o ex-presidente. Mas, Lula deu um alento à categoria. “Não percam a fé, não percam a disposição de luta e não percam nunca a certeza de que a gente vai ter de lutar muito para reconquistar a dignidade que o povo brasileiro está perdendo, a dignidade que a categoria dos bancários tem, porque essa categoria representa muito na luta pelas conquistas dos trabalhadores e na luta pela conquista da democracia em nosso país”.

 

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