Dirigentes sindicais do Santander de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul se reuniram na segunda-feira (9) com o banco Santander para tratar sobre a criação do “polo de atendimento” do banco em Novo Hamburgo (RS). Os trabalhadores serão contratados pela empresa Toquefale e não farão parte da categoria bancária.
“É um clássico caso de terceirização! Os serviços serão realizados por trabalhadores de outra categoria, não por bancários. E, claro, não terão os mesmos direitos nem os mesmos salários da nossa categoria”, observou o secretário de Assuntos Socioeconômicos e representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) nas negociações com o banco, Mario Raia. “E, como também já virou tradição nas negociações, o banco diz não ter as informações que cobramos há meses sobre número de postos que serão criados no novo polo de atendimento, se serão fechados postos em São Paulo e Rio de Janeiro, onde estes serviços são realizados hoje e, qual a dimensão desta movimentação. Aí, a gente pergunta: ‘não tem, ou não quer passar’”, completou.
O representante da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do Rio Grande Sul (Fetrafi/RS) na Comissão da Organização dos Empregados (COE) do Santander, Luiz Cassemiro, também lamentou a falta de transparência do banco com os trabalhadores.
“O banco alegou não ter bem claro o novo modelo de operação, nem os números de abertura e fechamento de vagas. Como uma empresa do tamanho do Santander, com atuação em diversos países, faz mudanças significativas de áreas estratégica do banco e diz não tem o projeto bem claro? Estão atirando no escuro?”, questionou Cassemiro.
Sem diálogo
Além da falta de transparência, a representação dos trabalhadores do Santander também reclama da falta de diálogo do banco. “É uma movimentação que pode prejudicar milhares de trabalhadores. Queremos informações para negociar a manutenção do emprego e dos direitos dos novos contratados. Mas, o banco, que arranca dos brasileiros um terço de todo o lucro que tem no mundo inteiro, que, mesmo neste período de pandemia, lucrou R$ 9,8 bilhões nos nove primeiros meses de 2020, quer arrochar ainda mais os trabalhadores, reduzindo salários e retirando direitos para aumentar ainda mais seus lucros”, criticou Mario Raia. “É muita ganância!”, completou.
Mesmo com tamanho lucro, o Santander tem demitido trabalhadores em plena pandemia, apesar de ter se comprometido em março que não demitira funcionários durante a pandemia. “Em 12 meses (setembro de 2019 a setembro de 2020) o Santander reduziu em quadro de funcionários em 4.335 postos de trabalho e, em plena pandemia, de abril a setembro deste ano, jogou 2.045 brasileiros e brasileiras na rua da amargura”, afirmou o dirigente da Contraf-CUT.
“Não dá para acreditar que um banco como o Santander não tenha feito o planejamento detalhado desta ação antes de iniciá-la. Ao dizer isso, o banco coloca em dúvida sua capacidade de administrar os recursos de seus clientes. E todo o discurso de bom gestor feito pelo (Sergio) Rial cai por água abaixo. Já estamos mobilizando os trabalhadores do call center e vamos analisar formas de fazer pressão para que o banco nos passe as informações e negocie”, concluiu Mario Raia.