Em negociação com a Comissão de Organização dos Empregados (COE) mediada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPT/MG), os representantes do Mercantil do Brasil negaram todas as reivindicações apresentadas pelos trabalhadores. Foi aventada, ainda, a possibilidade de acordos individuais com base na Medida Provisória 936.
“Repudiamos qualquer tipo de coação para assinaturas de acordos individuais em relação à MP 936. Estamos dispostos a negociar coletivamente a favor dos mais de 100 bancários que se encontram afastados devido a uma questão de saúde pública e o banco têm a obrigação de apresentar uma contrapartida aos trabalhadores que, mesmo afastados, não realizam trabalho home office”, disse Marco Aurélio, coordenador do grupo.
De acordo com o bancário, acordos individuais podem representar retirada de direitos. “Com acordos individuais, os funcionários estarão sujeitos a pressões e ameaças e não conseguirão manter nem os direitos que lhes garantidos pela lei específica, que dirá avançar para outras de nossas reivindicações, como a garantia de recebimento de 100% do salário líquido e maior estabilidade de emprego”, pontuou.
Durante a reunião, o COE apresentou a contraproposta forma acerca do Acordo Coletivo de Trabalho para disciplinar os planos emergenciais, visando a proteção do emprego dos mais de 100 bancários do Mercantil do Brasil, que se encontram afastados de suas atividades e sem home office. Foi solicitado o abono de todas as horas extras negativas até 30 de junho deste ano, possibilidade de compensação das horas não trabalhadas até 31 de maio de 2021, deságio de 30% no total de horas devidas a partir do dia 1º de julho de 2020, que as horas trabalhadas aos sábados, domingos e feriados e as horas noturnas não sejam computadas no banco de horas e sim pagas como horas extras, validade do banco de horas até 31 de maio de 2021 e que, após essa data, seja feito o pagamento de todas as horas extras existentes de acordo com a CCT Fenaban e a redução de, no máximo, 25% do salário e que o banco complete a renda até o valor do salário líquido para não haver prejuízo para os bancários.
Além de não aceitar a proposta, a direção do Mercantil do Brasil insistiu em querer cortar em 50% os salários dos bancários que estejam afastado e em home office, além de suspender temporariamente contratos de trabalho. O COE já rechaçou essa possibilidade.
Para Magaly Fagundes, presidenta da Fetrafi/MG, o movimento sindical mostrou que está disposto a negociar a favor dos interesses dos trabalhadores e que os representantes do Mercantil do Brasil precisam de mais sensibilidade para lidar com a situação difícil daqueles que estão afastados e sem home office. “É absurda a postura do banco em insistir na redução de 50% dos salários desses trabalhadores, mesmo diante a um cenário financeiro extremamente favorável à empresa, que apresentou um lucro de 74 milhões, no primeiro semestre desse ano”, destacou a presidenta da Federação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de Minas Gerais (Fetrafi/MG).
Quando a mediação aproximava-se da não resolução do conflito, o movimento sindical insistiu para o bom-senso e para que o banco apresentasse uma nova proposta, com garantias aos trabalhadores afastados e sem home office, além de levar em consideração as reivindicações levantadas pelos sindicatos.
Ficou acertado que o Mercantil deve encaminhar a nova proposta, por escrito, ao Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região e à Fetrafi/MG até esta quinta-feira (20), ficando agendada nova reunião de negociações, com mediação do MPT, para o dia 25/08, às 10 horas.