O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, respondeu à nota de repúdio da Conselheira de Administração Representante dos Funcionários (Caref) do banco, Débora Fonseca, sobre declarações desastrosas de Novaes.
Na reposta à Caref, o presidente do BB disse apenas que a frase citada na reportagem publicada pela Folha de S. Paulo, “proferida em um chat de economistas renomados, vazada de forma antiética e fora do contexto”. Em mensagem enviada a um grupo de WhatsApp, na quarta-feira (25), Novaes disse que a vida não tem “valor infinito” e que “muita bobagem é feita e dita, inclusive por economistas, por julgarem que a vida tem valor infinito. O vírus tem que ser balanceado com a atividade econômica”.
“Apesar de triste, é fundamental observar que Novaes não nega que tenha feito a afirmação. E, o presidente do banco dizer que a ‘vida não tem valor infinito’, é o mesmo que dizer que economia está acima da vida; é o mesmo que dizer ‘se infectem para criar anticorpos, e, se morrerem, não tem problema. O que não pode é a economia parar’”, criticou o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, João Fukunaga. “Um declaração como essa gera mais desespero, medo e insegurança nos funcionários, que continuam trabalhando e se expondo ao risco de contágio pelo novo coronavírus”, completou. “Imagina como fica a cabeça dos funcionários!”
Apesar de tentar se redimir de culpa, as declarações desastrosas de Novaes são famosas. Um dia antes de enviar a mensagem no chat, em uma entrevista publicada pelo jornal Valor Econômico, Novaes ele já havia dito que as quarentenas contra a propagação do vírus causarão “depressão econômica com efeitos piores que os da epidemia”.
No dia 30 de março, foi a vez do jornal O Globo publicar declarações de Novaes, defendendo que a população seja infectada “o quanto antes” para “que a economia volte a funcionar”.
“É incrível! Será que todos os jornais tiraram do contexto as falas do Banco do Brasil?”, questiona Fukunaga.
Medidas contra a Covid-19
Em sua resposta à Caref, o presidente do BB busca se defender afirmando que o Banco do Brasil está implementando diversas medidas de prevenção à doença.
“Ele só não falou que as medidas forma implementadas pelo banco após reivindicações apresentadas pelo Comando Nacional dos Bancários à Fenaban”, observou Débora Fonseca.
Débora destacou ainda o papel fundamental do movimento sindical bancário nas negociações com os bancos. “É importante que os trabalhadores busquem apoio dos seus sindicatos e seus representantes. Assim como é importante que as dúvidas e denúncias sejam encaminhadas à mesa de negociação, que tem obtido grandes avanços na preservação dos empregos, salários e da saúde dos funcionários”, concluiu a Caref.
CA está consciente de sugestões da Caref
Na nota de repúdio e pedido de esclarecimentos ao Conselho de Administração, Débora Fonseca também propôs uma série de medidas para mitigar os impactos econômicos e sociais da pandemia. As propostas incluem a discussão no âmbito do conselho de recursos para financiamento, refinanciamento e suspensão da cobrança de empréstimos por seis meses de bancos públicos.
Para Débora, o papel do CA é discutir propostas, a partir das quais, “é possível resguardar as Micro e Pequenas Empresas, Microempreendedores individuais e milhões de empregos, com a finalidade de protegermos a economia e prepará-la para sua recuperação, e não colocando em risco a vida das pessoas”, disse. “Pensar nesse papel é pensar no Banco Público atuante para o país e, principalmente, a serviço da sociedade brasileira. Somos fundamentais para recuperação econômica, e, diferente dos bancos privados, que somente olham para os lucros imediatos, nós podemos e devemos olhar para o país”, completou.