Para investidores, retirada dos seus direitos deveria ser ainda maior

Com a reforma trabalhista, Temer impôs aos trabalhadores a maior retirada de direitos da história. Para “agradar” setores que apoiaram sua ascensão a Presidênciada República, liberou a terceirização em atividades-fim; legalizou modalidades precárias de contratação; dificultou o acesso à Justiça do Trabalho; flexibilizou jornada, férias e demais direitos dos trabalhadores por meio de acordos diretos entre empregados e patrões, em uma correlação de forças desigual. Porém, o mercado é insaciável quando o assunto é maximizar lucros. Em reunião da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham), representantes de empresas globais afirmaram que esperavam facilidades ainda maiores para terceirizar e reduzir salários.

 

Entre os presentes na reunião da Amcham, Gustavo Salgado, do banco Sumitomo Mitsui Brasileiro, reclamou do período mínimo de um ano e meio para contratar como terceirizado um trabalhador demitido. “Isso é um ponto crítico que falhou”, declarou.

 

A fala do representante do Sumitomo Mitsui Brasileiro escancara a absurda ganância do setor financeiro. Queriam poder demitir um trabalhador hoje e contratá-lo como terceirizado amanhã, pagando um salário muito menor e sem praticamente nenhum direito. Mesmo diante da maior retirada de direitos da história, não estão satisfeitos. Querem mais, sempre mais. Se for para aumentar seus lucros, não dão a mínima para o sofrimento imposto aos trabalhadores brasileiro.

 

O banco Sumitomo Mitsui Brasileiro é parte do Grupo Mitsui, conglomerado empresarial japonês que atua em diversos mercados. Seu braço financeiro é o banco Sumitomo Mitsui Banking Corporation, um dos maiores do Japão. De acordo com o site Intercept, a divisão brasileira da instituição tem sede nas Ilhas Cayman, paraíso fiscal que figura em quinto lugar na lista de países menos transparentes do mundo.  

 

“Não pode reduzir salário? Anticapitalistas!” – Outro ponto criticado na reunião da Amcham foi o fato de que reduções de salários permanecem ilegais. “Então quer dizer que ainda não vamos poder reduzir salários? Isso é a coisa mais anticapitalista que existe”, bradou Terry Boyland, representante da CPQI,empresa que fornece tecnologia para bancos na América Latina.

 

Banqueiros e grandes empresários patrocinaram a retirada de direitos trabalhistas e sociais em nome dos seus interesses privados e do aumento dos lucros, e não da sociedade brasileira. E, ainda assim, não se dão por satisfeitos. Os direitos que ainda restaram não foram destruídos por conta da mobilização dos trabalhadores, ao lado dos sindicatos. Sem essa resistência, não teria restado nada.

 

Elogios Mesmo com essas críticas, a reforma trabalhista ainda foi bastante elogiada pelos representantes do mercado. Entre os pontos mais celebrados, a possibilidade de que acordos diretos entre patrões e empregados se sobreponham à legislação e a exigência de que o trabalhador arque com custos processuais em caso de derrota em ação judicial contra a empresa.

 

Para John Gontijo, representante da Farkouh, Furman e Faccio, consultoria tributária de Nova Iorque, o maior avanço da reforma trabalhista foi a diminuição do poder dos sindicatos, flexibilizando relações entre patrão e empregado.

 

Querem diminuir a força do movimento sindical porque sabem que os trabalhadores organizados são a maior barreira para a precarização total das relações de trabalho.

 

Acordo de dois anos Vale lembrar que, apesar da ganância dos banqueiros e dos ataques do governo Temer, a Campanha Nacional Unificada 2016 garantiu aos bancários, após 31 dias de greve, um acordo com validade de dois anos para todos os trabalhadores de bancos públicos e privados. A estratégia mostrou-se ainda mais acertada diante do agravamento da política de retirada de direitos do governo Temer.

 

Os bancários têm direitos previstos e garantidos na CCT até 31 de agosto de 2018.