As mesas de debater do 6º Congresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) contou com o painel de análise de conjuntura nacional e internacional, com reflexões da presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT) e deputada federal, Gleisi Hoffmann, e da advogada, professora e doutora em Direito pela Universidade Pablo de Olavide, na Espanha, Caroline Proner.
A mesa de debates foi coordenada pelo vice-presidente da Contraf-CUT, Vinícius de Assumpção Silva, que teve ao seu lado o secretário de Comunicação, Gerson Carlos Pereira, secretária de Cultura, Fabiana Uehara Proscholdt, e o diretor executivo da Contraf-CUT e diretor de imprensa do Sindicato de Niterói, Fabiano Paulo da Silva Junior.
Gleisi, focou na análise da conjuntura nacional e ressaltou que a pré-campanha eleitoral está bastante avançada. “E este é um ano essencial para nós. Nossa movimentação não foi capaz de pressionar o Congresso Nacional para interromper o projeto de destruição do país com o impeachment de Bolsonaro. Resta-nos agora vencer as eleições para derrubá-lo e interromper este processo, que começou com o golpe contra Dilma e depois com a prisão do presidente Lula, para impedir que ele disputasse as eleições”, disse a presidenta do PT.
Gleisi defende que, para interromper o processo de destruição do país, é preciso que a esquerda e o campo democrático e popular se organizem para vencer as eleições. “Será uma disputa polarizada contra a extrema direita, que destrói o Estado brasileiro, com a entrega das empresas estatais e os bancos públicos”, observou.
Defesa da democracia
“Temos que fazer um grande movimento de defesa da democracia, dos nossos direitos e do país e suas riquezas. Temos que refazer o debate sobre a reforma trabalhista, como está fazendo o presidente da Espanha (Pedro Sánchez) ao revogar a reforma feita por lá. Essas são algumas das nossas tarefas para acertamos o caminho de nosso país”, disse a deputada.
Gleisi ressaltou, porém, sobre as dificuldades que serão enfrentadas para interromper o processo político representado por Bolsonaro. “Temos que estar alertas, pois eles estão soltando dinheiro para programas sociais, como o vale-gás, e para emendas parlamentares. E, além disso, voltou com força a propagação das fake news contra o presidente Lula”, alertou.
Ampla aliança
A presidenta do PT ressaltou, ainda, que para derrotar Bolsonaro, “não podemos ir enfraquecidos, sem condições de fazer o enfrentamento. Por isso, é importante não nos fecharmos. Temos que fazer uma ampla aliança com partidos do campo democrático para formarmos um núcleo político”.
Ela acredita que a eleição presidencial deste ano pode ser decidida em primeiro turno devido à falta de uma terceira via e alerta para a necessidade do campo democrático e popular tirar a população da letargia.
“E os movimentos populares e o movimento sindical tem um papel importante nesta tarefa de mobilização e organização da campanha. Para fazermos uma campanha forte, precisamos estar nas ruas e criar milhares de comitês que estejam onde o povo está e as brigadas digitais para estarmos em todos os lugares e desmentirmos as fake news”, disse ao pedir para que as fake news sejam denunciadas ao site Verdades na Rede.
O Brasil não tem mais direito à ingenuidade
A advogada Caroline Proner focou sua análise no cenário internacional. “Eu preciso, pelo direito internacional, lembrar de algumas coisas que respaldam um raciocino estratégico em relação a América Latina. Nós não temos mais o direito à ingenuidade, temos de pensar estrategicamente”, afirmou ao lembrar que “quando a Operação Lava Jato estava no auge, nós não tínhamos a noção de que era um ataque coordenado contra a economia nacional, com foco e consequências diretas no desenvolvimento do Brasil”.
Para a advogada, tratou-se de um claro exemplo da nefasta desestabilização que pode ser provocada com o protagonismo do sistema de justiça. “A flexibilização de regras do processo penal e a ampliação de competências de magistrados e procuradores do Ministério Público conformaram o cenário favorável para a crise que comprometeu até mesmo a regularidade do processo eleitoral de 2018”.
Para encerrar, a advogada alertou que o Brasil precisa observar o que aconteceu e, principalmente, o que vai acontecer a partir do conflito na Ucrânia. “O Brasil, infelizmente, ainda depende muito do dólar. Por isso, o Brasil do futuro, aquele que os trabalhadores vão ajudar a reconstruir, não tem direito à ingenuidade internacional. Nós não podemos mais perder tempo, temos de desenvolver estratégias de defesa ou logo também seremos campo minado de países terceiros. O que acontece na Ucrânia, pode vir acontecer conosco. O povo de uma nação sofrer por interesses de nações terceiras. Talvez até já estamos sofrendo, mas de maneira não tão grave como lá, por enquanto”.
Segundo ela, para termos o Brasil que a gente quer “temos de pensar no futuro, com o Estado como o grande indutor de desenvolvimento no país, com revisão das reformas, e repensar o papel de cada uma das instituições estatais que foram utilizadas para esta queda da economia brasileira. Precisamos também de uma consulta popular revogatória para tentarmos reverter todo o mal que foi feito nesse país de forma fraudulenta”, finalizou.