O 3º Censo da Diversidade Bancária é uma das conquistas da categoria na Mesa de Negociação com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). O levantamento traça o perfil da categoria por gênero, orientação sexual, raça e PCDs (pessoas com deficiência). O objetivo é analisar as políticas de inclusão dos bancos e promover a igualdade de oportunidades no setor bancário. Para isso, também foi criada a Campanha de Valorização da Diversidade.
Realizado nos anos de 2008 e 2014, o Censo fornece resultados que refletem a realidade do setor bancário e possibilitam a criação de estratégias de inclusão e promoção da diversidade no ambiente de trabalho.
O questionário do Censo será iniciado no final de agosto e vai até outubro. Os dados do questionário serão tabulados e analisados entre novembro e janeiro, e os resultados serão divulgados em fevereiro de 2020.
Ao mesmo tempo em que é aplicado o 3º Censo da Diversidade, será realizada a Campanha de Valorização da Diversidade, lançada no dia 15 de julho, no site da Contraf-CUT. A proposta foi apresentada pelos trabalhadores à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) na mesa de igualdade de oportunidades e já começou a ser implementada. “O censo deste ano vai além da coleta de dados. Também será realizada uma campanha de sensibilização da categoria. Ela inclui a formação de agentes da diversidade nas agências e departamentos bancários. Por isso é importante entender que cada trabalhador é peça fundamental nesse processo e que ele se envolva no projeto, responda o censo e seja um agente diversidade”, explicou Elaine Cutis, secretária da Mulher da Contraf-CUT.
Números revelados pelos últimos Censos
O 1º Censo foi realizado em 2008 pela Febraban em conjunto com a Contraf-CUT, Organização Internacional do Trabalho (OIT), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) e Ministério Público do Trabalho. Foi respondido por 204,1 mil bancários de todo o país.
A iniciativa contou com a assessoria do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) e foi tema de várias audiências públicas na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
O levantamento revelou que a maioria dos empregados nos bancos era do sexo masculino (52%), brancos (77%) e estavam alocados em funções de caixa ou de escriturário (68%). Apenas 19,5% dos trabalhadores do sistema financeiro eram negros ou pardos e ganhavam, em média, 84,1% do salário dos brancos.
O 2º Censo foi respondido por 187.411 bancários, de 18 instituições financeiras, o que representa 41% da categoria.
De acordo com os dados as mulheres apresentam melhor qualificação educacional em comparação aos homens nos bancos. No 1º Censo, 71,2% das bancárias tinham curso superior completo e acima. No levantamento de 2014, as bancárias com essa formação subiram para 82,5%. Para os homens, esse aumento foi de 64,4% para 76,9%.
Os dados apontam, porém, que as mulheres continuam ganhando menos que os homens. Nos seis anos que separam os dois censos, a diferença entre o rendimento médio das mulheres e dos homens caiu somente 1,5 ponto percentual. O rendimento médio mensal delas em relação ao deles era de 76,4% em 2008 e agora é de 77,9%.
Conforme os dados do 2º Censo, houve avanço no número de negros no setor bancário. Eram 19% de negros na primeira pesquisa. Agora os funcionários que se auto definiram foram 24,7% dos entrevistados. A grande falha, no entanto, é que não há um indicador voltado para a situação das mulheres negras nas instituições bancárias.
De acordo com os dados apresentados, 1,9% dos entrevistados se declararam homossexuais e 0,6%, bissexuais. O II Censo mostra que 85% dos bancários são heterossexuais. Apenas 12,4% não responderam, o que significa baixa rejeição ao tema.
Apesar de a Fenaban divulgar que ampliou as contratações de pessoas com deficiência, passando de 1,8% para 3,6% nos últimos seis anos, o número de bancários com deficiência motora caiu de 61,4% em 2008 para 60,7% em 2014.
No entanto, os dados do 2º Censo mostram que houve crescimento na admissão de pessoas com deficiência auditiva, a qual subiu de 12,2% para 22,8% e com deficiência visual de 3,9% para 11,8%.