2006: continuar ou voltar?

O ano de 2006 é um ano de eleição, um ano de reflexão, um ano de decisão.
Haverá eleições para deputado estadual, para deputado federal, para senador, para governador e, principalmente, para presidente.
As pesquisas sobre o pleito presidencial apontam uma bipolarização entre Lula e o candidato tucano (José Serra ou Geraldo Alckmin), entre o PT e o PSDB, repetindo a polarização das três últimas eleições (1994, 1998 e 2002).
O governo Lula não vem sendo o que muita gente sonhou e lutou por muito tempo. Entre outras coisas, o desemprego diminuiu pouco, os salários não aumentaram muito, os juros diminuíram pouco, os impostos e as tarifas públicas continuaram extorsivos, não houve revisão das privatizações e a reforma agrária, ainda que capitalista (novas propriedades particulares), não saiu do papel.
Não bastasse isso, a decepção aumentou com o escândalo do “mensalão” – que não foi comprovado -, na verdade, da utilização do caixa dois nas campanhas de 2002 e 2003 pelo PT Light e seus aliados de direita (PL, PTB, PP), em conluio com os publicitários Marcos Valério (ex-PSDB) e Duda Mendonça (ex-Maluf).
Não importa se Lula e José Dirceu, que perdeu os cargos de ministro e deputado por suposições não comprovadas, sabiam de tudo ou da missa a metade. O que importa é que a bandeira da ética do PT, carregada por 25 anos, foi rasgada, ainda que por uma minoria de seus membros.
Ainda assim, é inegável que o governo Lula é um governo sério, ao contrário do que quer fazer parecer a grande imprensa, subserviente aos interesses econômicos das elites e preconceituosa em relação a um presidente nordestino, ex-operário e semi-analfabeto.
A grande imprensa prefere comparar os resultados do mandato petista não com os presidentes anteriores, especialmente com FHC, mas com países “emergentes”, incluindo entre eles a China, uma grande potência que, há mais de uma década, é o país que mais cresce no mundo, embora não faça parte do G-7, o grupo dos países mais desenvolvidos do mundo, porque continua socialista, apesar da abertura econômica.
Outra tática da grande imprensa é dizer que os resultados não foram bons porque foram inferiores aos que o mercado esperava, apesar de, muitas vezes, serem recordes da História do Brasil, como na última semana, quando o Risco-País chegou ao menor índice de todos os tempos e a dívida interna em dólares foi zerada sem que houvesse muito alarde no noticiário.
É, meu caro cidadão, o desafio para 2006 é este: decidir sobre continuar com um governo no qual a vida melhorou para poucos, se é que é pouco tirar oito milhões de pessoas da linha da miséria com o criticado Bolsa Família, ou voltar com um governo no qual – por dois mandatos – a vida piorou para muitos.
Você decide: continuar com a esperança ou voltar com o medo?
(MQ)