Estudo do Dieese mostra que 84% dos reajustes salariais conquistados no primeiro semestre superaram a inflação. Trata-se do segundo melhor resultado nos últimos quatro anos.
A esmagadora maioria das campanhas salariais realizados no primeiro semestre tiveram sucesso. Estudo divulgado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) na quinta-feira, 18 de agosto, informa que 93% das campanhas salariais nos primeiros seis meses deste ano tiveram reajustes equivalentes ou acima da inflação, sendo que 84% dos acordos chegaram a superar a inflação. Trata-se do segundo melhor resultado dos últimos quatro anos.
Para sindicalistas e técnicos, o resultado mostra que o discurso repetido insistentemente desde o início do ano – de que salário provoca inflação – não vingou, mas continuará a ser utilizado neste segundo semestre, quando outras várias categorias entram em campanha salarial, e algumas consideradas referências, como bancários, metalúrgicos, petroleiros e químicos.
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Os bancários também estão lutando por aumento real de salários. Além da categoria, essa valorização é fundamental também para o país, porque ao recuperar o poder de compra dos trabalhadores movimenta a economia.
O Dieese analisou 353 acordos, dos quais 298 (84,4%) superaram a variação do INPC, 31 (8,8%) igualaram o índice e 24 (6,8%) ficaram abaixo da inflação. Esse resultado ficou um pouco abaixo dos de 2010, quando 86,7% dos reajustes salariais superaram a inflação. Mas, para técnicos do órgão, os 6,8% de acordos com reajustes inferiores à variação, ante 3,7% do ano passado, não são vistos como uma mudança de sinal.
Crescimento da inflação
Nessa comparação, há um fator determinante, que foi o crescimento da inflação nos primeiros meses de 2011. A inflação média no primeiro semestre foi de 6,4%, ante 4,89% no ano passado, por exemplo. Assim, os aumentos reais foram mais modestos neste ano, mas ainda assim com resultados positivos: os acordos com aumentos reais acima de 3%, que ficaram em 5% do total em 2008 e 2009, atingiram 15% em 2010 e 12% em 2011.
“Deve-se considerar, ainda, que, apesar do cenário econômico mundial incerto, com fortes sinais de agravamento nos países capitalistas centrais, o nível de atividade interna da economia pode possibilitar a continuidade de conquistas para os trabalhadores. Esse é o desafio atual do movimento sindical brasileiro”, analisa o Dieese.
“A inflação está caindo, e a expectativa é de que volte para o centro da meta (4,5%) em 2012”, ressalta o coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José Silveste Prado de Oliveira.
O presidente da CUT, Artur Henrique da Silva, espera resultados melhores neste segundo semestre. “Uma parte desses ganhos, desse aumento de produtividade, tem de ser dividida com os trabalhadores”, afirma.
Para Artur, os números das campanhas salariais mostram que não havia sentido em identificar nos salários os “culpados” pelo aumento das taxas de inflação. “Nós dizíamos que não era verdade que o consumo estava desenfreado. Houve até pequena redução do consumo das famílias. E a inflação era provocada por fatores externos, como os preços de commodities, além de aluguéis e tarifas públicas. E tem também a questão da especulação. O empresário não deixou de botar a ‘maquininha’ dele para funcionar”, observa. “Ninguém neste país fala em diminuir margem de lucro. O único da cadeia produtiva que não consegue acompanhar (o aumento de custos) é o salário.”
Fonte: Seeb-SP e Brasil Atual