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1° dia do encontro de funcionários do Bradesco revela dados alarmantes

Publicado em Notícias Terça, 02 Abril 2013 21:00
Outro dado interessante remete à rotatividade no setor bancário. 59% dos funcionários têm apenas cinco anos de banco. Todos os dados são relativos ao ano de 2012.
O Encontro Nacional dos Funcionários do Bradesco começou nesta terça-feira, dia 2, em Atibaia, interior de São Paulo, com a participação de dirigentes sindicais de todo país. Houve apresentação do projeto do Banco do Futuro pelo professor do Centro de Pesquisa 28 de agosto, Moisés Marques, seguido de um debate sobre a conjuntura político-sindical e de uma apresentação do Dieese sobre o balanço de 2012 do banco. Com a participação dos funcionários do Bradesco e presidente do CUT, Vagner Freitas, uma panorama das conquistas do movimento sindical foram traçadas pelo sindicalista. Freitas destacou que desde 1988 já existia uma pauta de reivindicações dos funcionários do banco com alguns avanços com destaque para o pagamento de horas extras que até aquele ano o banco não fazia, diferentemente dos demais. Outro ponto que é discutido até hoje, mas sem solução, é a exigência do banco para que nenhum funcionário trabalhe com barba. O presidente da CUT salientou ainda que todas as conquistas foram graças às mobilizações do movimento sindical. "Ocorreu uma enorme transformação no país na última década, porém ainda é necessário desenvolvermos muito mais para que a renda seja melhor distribuída e alcancemos o pleno emprego. Esta é a função dos representantes dos trabalhadores. Precisamos colocar nossa estrutura no projeto de país que queremos", disse. Vagner Freitas destacou a necessidade de mudar o sistema financeiro no país e repensar a sua concepção e a quem os bancos estão servindo. Para ele, a Conferência Nacional do Sistema Financeiro, pautada pela Contraf-CUT e pela CUT, irá contribuir fortemente nesta direção. "Precisamos também modificar o modo como se faz sindicalismo. Temos que representar todos os trabalhadores do sistema financeiro, caso contrário não estaremos cumprindo nosso papel de agentes de mudança na vida dos trabalhadores", afirmou Vagner, que já foi presidente da Contraf-CUT (2006-2009). Ainda durante o encontro, outros dados interessantes sobre o setor financeiro no país intrigaram os participantes. Na década de 1990, 60% dos bancários trabalhavam no regime de 6 horas diárias e 40% em escala de 8 horas. Atualmente, as posições se inverteram e a maioria dos funcionários cumpre uma jornada de 8 horas/diárias. Dados sobre a receita e folha de pagamento do banco também exemplificaram como os banqueiros reclamam e tentam induzir a sociedade a erro. Com as arrecadações em tarifas bancárias cobradas dos clientes do Bradesco, o banco consegue pagar toda sua folha de pagamento sobrando ainda 40% do arrecadado. De toda sua receita, o Bradesco utiliza apenas 11,03% para proventos. Com 103.385 funcionários, a holding Bradesco possui cerca de 25 milhões de clientes em todo Brasil. Do total do quadro, apenas 85.287 são bancários o que em contas rápidas demonstra que cada bancário deve ser responsável por 301 contas bancárias. Números absurdos que afirmam as teses defendidas pelas entidades sindicais sobre a exploração do trabalho, jornada excessiva, metas abusivas e esgotamento profissional do bancário. Outro dado interessante remete à rotatividade no setor bancário. 59% dos funcionários têm apenas cinco anos de banco. Todos os dados são relativos ao ano de 2012. O levantamento também mostra que o Bradesco obteve lucro líquido de R$ 11,5 bilhões em 2012 e atingiu patrimônio líquido de R$ 70 bilhões. Porém, no mesmo período, o banco eliminou cerca de 1.300 postos de trabalho, o que é injustificável. Banco do futuro O professor Moisés Marques frisou que os bancos que operam no país estão diante de um cenário favorável para implantação de projetos como o Banco do Futuro. "Passamos por um momento econômico que, apesar da crise financeira internacional ainda existente, estamos diante de uma inflação relativamente controlada, o PIB voltando a crescer e o país próximo a atingir o pleno emprego", afirmou. Segundo Moisés, este é um cenário interessante para os bancos, que podem investir no crescimento da chamada classe C, que representa atualmente cerca de 60% da população. "A taxa de juros menor e os índices de desemprego e pobreza em queda mostram aos bancos que têm muitas pessoas a serem bancarizadas", salientou. Para o professor, os bancos querem utilizar futuramente mais automação do que relacionamento com os clientes e gerenciamento de risco. "Os bancos usarão muito o barateamento dos smartphones para aumentar as receitas em canais, como o mobile banking e mobile payment, e irão incorporar as redes sociais aos canais bancários, pois entendem que estão diante de uma geração muito conectada", ressaltou. O especialista ainda observou que os bancos buscarão equacionar riscos, regulação, tecnologia e relacionamento. E para isso utilizarão canais alternativos para baixar os custos. "São transformações que irão impactar o trabalho bancário, que passa cada vez mais a uma atividade especializada", declarou. Para ele, o Bradesco é um banco que aposta muito em correspondente bancário, ATM e cada vez menos em agências. "O grande salto do banco ocorreu com o Bradesco Expresso, o correspondente bancário. Aumentaram as transações via internet, celular e terminal ATM, e procura-se fazer o possível para utilizar o mínimo possível as agências, que atualmente representa apenas 8% das transações, enquanto mais de 90% dessas ocorrências aconteceram fora dela", destacou Moisés. Na avaliação do professor, é preciso questionar o banco que afirma ter uma "marca valiosa", principalmente do quanto se perde da marca ao ter a atividade exercida por pessoas que não são bancárias. "Além disso, é preciso repensar as formas de mobilização, que devem aproveitar cada vez mais as redes sociais e a nova geração multímida. Precisamos questionar a empresa na mesma moeda e nos conectarmos com os novos meios de mobilização vigentes", conclui Moisés. Continuidade O encontro continua nesta quarta-feira, dia 3, com debates e trabalhos em grupos. Os encaminhamentos serão definidos na manhã de quinta-feira, dia 4. Willian Chaves com informações da Contraf-Cut Assessoria de Comunicação Seeb-Nit > Curta a amizade do Sindicato no Facebook. > Acompanhe as notícias em tempo real no Twitter. > Comunique-se com o Sindicato no Orkut. > Assista a vídeos dos bancários no Youtube. > Veja fotos sobre os bancários no Picasa. > Receba as notícias sobre os bancários no celular.