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O Líbano e o cidadão

Publicado em Sindicato Cidadão Sábado, 29 Julho 2006 21:00

Há 21 dias, o grupo terrorista libanês Hezbollah seqüestrou dois soldados israelenses.
Em troca, exigiu a libertação de libaneses detidos em Israel, entre eles mulheres e crianças, alguns há anos, sem julgamento ou condenação.
Em resposta, Israel bombardeou e invadiu o Líbano.
Em 21 dias, 828 cadáveres do lado muçulmano, a maioria, mulheres e crianças, inclusive os brasileiros mortos no conflito: dois homens, uma mulher e quatro crianças (duas de oito, uma de sete e uma de quatro anos.
Seriam essas 828 vítimas perigosos terroristas?
Você chamaria isso de incursão ou ataque?
Se os bombardeios e a fumaça que sobe em Beirute subisse em Nova Iorque, a comunidade internacional estaria chocada.
Como é no Líbano, a ONU lamenta. E os Estados Unidos apóiam.
Lá não há nada parecido com o World Trade Center, nem norte-americanos. Há apenas muçulmanos, alguns xiitas, uns até violentos, como o grupo terrorista Hezbollah.
Se o Hezbollah é tão violento, por que é responsável por 5,8% das mortes no conflito?
Se o Hezbollah é tão bem armado, por que lança foguetes, enquanto Israel lança mísseis?
Se o Hezbollah é tão perigoso, por que não promovia um atentado terrorista há seis anos, desde que Israel se retirou do sul do Líbano, que ocupou entre 1982 e 2000?
E você acha que para se acabar com o poder de fogo do Hezbollah é preciso bombardear estradas, pontes, aeroportos, redes elétricas, centrais telefônicas e o abastecimento de água da popualção?
Então, cidadão, ao menos, fique indignado, tanto quanto você ficou no 11 de setembro de 2001.
Os que estão lá são seres humanos como você.
Você pode até achar que alguns deles merecem a pena de morte, mas, pelo menos, com julgamento individual e não em massa.
O que estão fazendo por lá é como se um criminoso morasse em seu edifício e, por isso, bombardeassem o seu prédio.
Você acharia isso justo?
Em tempo: o Tribuna Bancária não é preconceituoso, nada tem contra o povo israelense ou contra os judeus. Nossas críticas são ao governo de Israel, liderado, no momemto, por Ehud Olmert. Se os acontecimentos fossem inversos, estaríamos criticando, igualmente, o governo do Líbano pelo uso da força desproporcional e pela prática do terrorismo de Estado.