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Caixa: centralização do Auxílio Emergencial sobrecarrega funcionários e amplia risco de contaminação

Publicado em Caixa Quinta, 30 Julho 2020 18:00

 

Agências lotadas e funcionários preocupados com metas e contaminação do Coronavírus: essa é a realidade da Caixa Econômica Federal desde que o Auxílio Emergencial foi criado. A centralização do pagamento do benefício na instituição faz com que haja uma sobrecarga de demanda nos trabalhadores e um risco maior de infecção pelo Covid-19.

 

"Neste momento de pandemia, com risco de contágio, centralizar os pagamentos em uma única instituição é temerário. Os empregados estão em situação grave, inclusive trabalhando aos sábados. O gerente geral não tem direito a hora extra", ressaltou a representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal (Caixa), Maria Rita Serrano.

 

Maria Rita lembra que não são feitos apenas atendimentos do Auxílio Emergencial. "Muita gente acha que o funcionário só atende auxílio emergencial, mas o banco exige uma série de metas, como venda de produtos, financiamento etc. Os funcionários estão profundamente sobrecarregados, com medo de contágio", relata.

 

"A movimentação em torno da Caixa em meio ao pagamento do auxilio emergencial, do FGTS e ainda o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda, um complemento do salário dos trabalhadores, gira em torno de 121 milhões de pessoas passando pelo banco federal. Em outras palavras, mais da metade da população brasileira está passando pela Caixa no momento", aponta Rita.

 

A conselheira reconhece a importância da instituição nesse momento - "a Caixa tem expertise e capilaridade para fazer o atendimento, é a maior gestora de programas sociais", acredita - mas sugere uma descentralização entre outros bancos federais e estatais no pagamento do Auxílio Emergencial.

 

"Além da própria Caixa, para o Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia, por exemplo, diminuindo pressão e riscos de contágio aos empregados e os problemas à população que podem ser causados pelas aglomerações", sugeriu.

 

Vale lembrar que, para o pagamento do benefício, a Caixa Econômica Federal criou uma poupança digital gerida através de um app para smartphones (Caixa Tem), o que, para Maria Rita, é um mérito. "Mas a instituição poderia conseguir melhores resultados, prossegue, além de poupar seus funcionários do esgotamento e minimizar riscos de contágio de funcionários e beneficiários. Bastaria o governo federal emitir dinheiro, o que muitos países estão fazendo na atual crise", concluiu. A medida, no entanto, não é prevista pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.