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Santander quer demitir 20% dos funcionários no Brasil durante a pandemia de Covid

Publicado em Santander Terça, 09 Junho 2020 17:56

O Santander Brasil começou a demitir funcionários em um processo que pode cortar 20% do quadro de trabalhadores do banco, é o que anuncia uma reportagem do jornal Folha de São Paulo, publicada na tarde desta terça-feira (09/06).

 

As demissões ocorrem durante a pandemia do novo coronavírus mesmo após o banco ter assinado um compromisso público de que não demitiria enquanto perdurasse a crise e confirmado junto às entidades sindicais.

 

O Santander tinha 47 mil funcionários no final de março. Com o corte de 20% do quadro, 9.438 pessoas podem perder o emprego. O percentual de redução da equipe foi confirmado à Folha por executivos do banco, que preferiram não se identificar.

 

Em nota, o Santander afirmou que o compromisso de não demissão de funcionários tinha validade de 60 dias, prazo que venceu no final de maio.

 

A ordem para demitir teria sido dada na semana passada e, segundo denúncias recebidas por Sindicatos os cortes estão ocorrendo sem justa causa.

 
Segundo executivos do banco afirmaram à Folha, as justificativas para os desligamentos seriam relacionadas à performance dos funcionários, que estaria aquém do esperado pelo banco.
 

No entanto, o banco não tem justificativas financeiras para demitir. O Santander divulgou recentemente um lucro de R$ 3,85 bilhões nos três primeiros meses de 2020. Isso representa um crescimento de 10,5% na comparação com o mesmo período de 2019 e de 3,4% com o 4º trimestre. A rentabilidade do Santander no Brasil atingiu 22,3%.


O resultado é tão significativo que, pelo terceiro trimestre seguido, representa quase 30% de todo o lucro que banco tem no mundo todo. O banco lucra mais no Brasil do que em qualquer outro país, inclusive na Espanha.

 

Ameaças 

Durante a crise, o presidente do banco, Sergio Rial, se queixou da queda de produtividade e também pressionou funcionários a deixar o home office, mesmo com os casos de Covid-19 ainda em expansão.

 

Segundo os relatos, em videoconferência com funcionários, Rial cobrou o cumprimento de metas e ameaçou demissões caso as mesmas não sejam cumpridas, dizendo, inclusive, que aqueles que pensam diferente e não colaboram prestam um desserviço ao banco e contribuem para um baixo nível de produtividade.

 

 

Pessoas sendo preteridas

 

Na última quarta-feira (3), o banco divulgou a abertura de 1.500 vagas destinadas para áreas de tecnologia, riscos, dados, financeiro e jurídico. “Estamos nos preparando para lidar com uma nova realidade que, sem dúvida, exigirá profissionais de alta performance e capacidade de adaptação”, afirmou Vanessa Lobato, vice-presidente de recursos humanos do Santander, na época.

 

Em matéria publicada no domingo (7) pela Folha, consultores e advogados afirmaram à reportagem que receberam diversas consultas de empresários que, sem perspectiva de uma retomada rápida da economia no mercado interno, sem garantia de crédito e com o crescente risco de assumir custos ainda maiores para demitir lá na frente, desistiram de reduzir jornada e salário e começaram a demitir.

 

Segundo os advogados, a redução no número de funcionários já começou e, por orientação de assessores jurídicos, ocorre a conta-gotas, uma vez que mandar embora um grupo grande de trabalhadores pode levar a questionamentos judiciais.

 

O que disse o Santander

 

Em nota, o Santander afirmou que faz parte do abaixo-assinado do movimento Não Demita (rede de empresas que se comprometeram a não reduzir o quadro de funcionários por 60 dias) e que foi uma das primeiras empresas no Brasil a anunciar que não faria demissões até o final de maio.

 

“Nosso compromisso social segue inabalável. Anunciamos recentemente a busca de mais de 1.000 profissionais e iniciamos uma nova operação de atendimento no sul do Brasil que poderá gerar mais de 4.000 empregos ainda neste ano”, afirmou o banco.

 

O Santander disse ainda que a liderança do banco iniciou um processo de reavaliação do nível de produtividade de suas equipes.

 

“O movimento é necessário para fazer frente a um entorno muito mais desafiador, além da necessidade de navegar com eficácia em um ambiente de arquitetura aberta, trabalho em rede e busca incessante de níveis de automação ainda mais contundentes. Este quadro de mudanças inclui, por exemplo, o trabalho remoto de equipes de forma mais permanente, já a partir do segundo semestre. A meritocracia é um dos grandes valores da instituição e é o filtro que pauta qualquer medida na esfera de gestão do nosso capital humano”, disse o banco em nota.

 

Com informações da Folha de SP e ContrafCut

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